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Saiba como os mercados reagiram às eleições nos EUA desde 2000

Publicado 04.11.2024, 10:31
© Reuters
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Investing.com – Diante da expectativa dos investidores para os resultados da próxima eleição presidencial nos EUA, que será realizada nesta terça-feira, 5, o Deutsche Bank analisou como os mercados reagiram aos pleitos anteriores desde 2000.

Segundo o banco alemão, as reações foram bastante variadas. Das seis eleições desde 2000, o índice S&P 500 subiu em três casos até o final de novembro e caiu nas outras três. Já o rendimento do Treasury de 10 anos caiu em quatro ocasiões e subiu em duas.

2020: Biden vs. Trump – A eleição de 2020 começou com incertezas, pois Trump superou previsões iniciais, acirrando a disputa mais do que o esperado.

Apesar disso, os mercados subiram à medida que ficava claro que Biden venceria, animados pela perspectiva de um governo dividido que poderia limitar mudanças regulatórias e fiscais.

Esse otimismo foi reforçado pelo anúncio da Pfizer (NYSE:PFE) de uma vacina eficaz contra a covid-19 logo após o dia da eleição, o que aumentou o apetite por ativos de risco.

2016: Trump vs. Clinton – A eleição de 2016 trouxe um resultado inesperado, com a vitória de Trump contrariando as pesquisas.

Os mercados reagiram rapidamente à possibilidade de controle republicano na presidência e no Congresso. O rendimento do Treasury de 10 anos subiu 20 pontos-base no dia seguinte à eleição e continuou em alta, alimentado por expectativas de estímulo fiscal, que culminaram na Lei de Cortes de Impostos de 2017.

O S&P 500 também subiu, refletindo o otimismo dos investidores quanto a mudanças nas políticas.

2012: Obama vs. Romney – A reeleição de Obama gerou uma reação cautelosa, influenciada pela ameaça do "abismo fiscal" – aumentos automáticos de impostos e cortes de gastos previstos para o início de 2013.

O S&P 500 caiu 2,4% no dia seguinte à eleição e mais 1,2% no segundo dia.

Preocupações com a política fiscal dos EUA somaram-se a incertezas sobre as negociações do resgate da Grécia, o que ampliou os spreads de títulos soberanos europeus e impactou o sentimento global.

“Dada a incerteza, os spreads de títulos soberanos se ampliaram pela Europa. O diferencial dos rendimentos italianos de 10 anos sobre os bunds aumentou 7 pontos-base no dia após a eleição e outros 13 pontos-base no dia seguinte,” observou o Deutsche Bank.

“Os movimentos na Europa também afetaram o sentimento global após a eleição.”

2008: Obama vs. McCain – A vitória de Obama em 2008 foi amplamente esperada e teve pouco impacto direto nos mercados. No entanto, a eleição ocorreu em meio à Crise Financeira Global, com os mercados já sob forte pressão.

O S&P 500 caiu 5,3% no dia seguinte à eleição e mais 5,0% no dia posterior, impactado por indicadores econômicos piores que o esperado, como uma forte contração nos dados de emprego da ADP e um índice de serviços do ISM fraco. O contexto geral do mercado permaneceu tenso após o colapso do Lehman Brothers em setembro e cortes agressivos de juros pelo Federal Reserve.

2004: Bush vs. Kerry – Os mercados reagiram positivamente à reeleição do presidente George W. Bush em 2004, interpretando-a como um sinal de continuidade das políticas.

O S&P 500 subiu 1,1% no dia após a eleição e mais 1,6% no dia seguinte, conforme o Deutsche Bank destaca. O rali foi reforçado por dados econômicos melhores que o esperado, incluindo uma leitura do ISM não-industrial de 59,8 e números de pedidos iniciais de auxílio-desemprego acima das previsões.

2000: Bush vs. Gore – A eleição de 2000 foi marcada por incertezas, com o resultado dependendo da contagem de votos apertada na Flórida, levando a semanas de batalhas legais. Essa prolongada ambiguidade gerou uma clara reação de aversão ao risco.

O S&P 500 caiu 1,6% no dia seguinte à eleição e continuou a cair, acumulando uma queda de 8% em novembro – o pior desempenho mensal do ano. Investidores buscaram segurança nos Treasuries dos EUA, com o rendimento do título de 10 anos caindo de 5,86% no dia da eleição para 5,26% quando Gore cedeu em meados de dezembro.

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Resultados eleitorais não interrompem mercados altistas

Embora a volatilidade em torno de eleições seja comum, a Evercore ISI aponta que, historicamente, resultados dos pleitos por si só não encerram mercados de alta.

“A eleição, ao contrário do que dizem os especialistas, não encerrará o mercado de alta. São 100 anos de história, com o DJIA subindo de 200 para 42.000, superando mandatos de presidentes e mudanças de partidos, que confirmam isso,” afirmaram estrategistas da Evercore liderados por Julian Emanuel em uma nota.

Eles observam que os fatores-chave que sinalizam o fim de um mercado de alta são essencialmente econômicos, não políticos, destacando três condições fundamentais que os investidores devem monitorar: o início de recessões, “exuberância irracional” nos preços dos ativos e comportamento do mercado, e uma política monetária restritiva do Federal Reserve.

No momento, a Evercore não vê sinais de uma recessão próxima. Os pedidos semanais de seguro-desemprego estão abaixo de 300.000, indicando um crescimento econômico contínuo. Os spreads de crédito, tanto para títulos de alto rendimento quanto de grau de investimento, estão próximos aos mínimos pós-pandemia, sugerindo uma base econômica sólida.

Além disso, as pesquisas internas da Evercore, embora em um nível “desafiador” de 47,6, permanecem acima da marca de 45, que historicamente se associa a recessões.

Embora os valuations estejam elevados, em 24 vezes os lucros dos últimos 12 meses, eles ainda não atingiram o patamar ‘irracional’ de 28 vezes esse período, que tradicionalmente gera alerta, de acordo com a nota.

Os estrategistas explicam que mercados com preços elevados podem sustentar ganhos por até 18 meses, desde que não ocorram aumentos substanciais e especulativos em IPOs ou atividades de fusões e aquisições. Esse tipo de atividade intensa não está presente no momento, e o sentimento dos investidores permanece moderado.

“O que realmente atua como catalisador é o comportamento que gera avaliações extremas – uma onda de IPOs e fusões e aquisições, típica de picos de mercado, e isso não é motivo de preocupação atualmente,” explicaram os estrategistas.

Sobre a política do Fed, a Evercore enfatiza que, embora uma postura “restritiva” possa modificar a dinâmica do mercado, o banco central está atualmente em um ciclo de corte de juros.

Esse contexto “é difícil de prever, mas saberemos quando ocorrer, provavelmente devido a uma inflação que se mostre mais persistente do que o esperado,” observaram os estrategistas.

De modo geral, a equipe da Evercore destaca que o mercado de alta “deve continuar.” Contudo, acrescenta que o S&P 500 pode ter uma “alta acentuada” pós-eleição até 6.500 pontos ou passar por uma correção.

O banco de investimentos aconselha os investidores a manterem uma exposição acima do peso nos setores de Tecnologia e Serviços de Comunicação, com foco em software e biotecnologia, além de ações de pequenas empresas. Recomenda-se também uma abordagem defensiva em bens de consumo não duráveis e saúde.

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