Por Jesús Aguado
MADRI (Reuters) - O Santander (BVMF:SANB11) disse nesta sexta-feira que está a caminho de cumprir suas metas financeiras gerais para 2023 e prevê uma tendência positiva em empréstimos e depósitos no primeiro trimestre, enquanto tenta restaurar a confiança no setor financeiro abalado por colapsos de bancos nos Estados Unidos e na Europa.
As metas do Santander para 2023 incluem crescimento de receita de dois dígitos, retorno sobre o patrimônio tangível (ROTE) superior a 15%, e um custo de risco, que representa o custo de gerenciamento de riscos de crédito e perdas potenciais, abaixo de 1,2%.
A declaração do segundo maior banco da zona do euro em valor de mercado ocorre após as recentes tensões no mercado geradas pelo colapso neste mês do norte-americano Silicon Valley Bank (SVB) e da aquisição emergencial do Credit Suisse (SIX:CSGN) pelo UBS.
“Os primeiros meses do ano apresentam uma evolução positiva, com mais de 1 milhão de novos clientes, o crédito e os depósitos deverão crescer 4% e 6%, respectivamente, no primeiro trimestre”, disse a presidente do conselho de administração do Santander, Ana Botín, a acionistas. A executiva afirmou ainda que o banco espera atingir um ROTE de 14% no primeiro trimestre.
Os acionistas, que questionaram os executivos sobre a resiliência do setor, aprovaram a reeleição de Botín no conselho e ratificaram a nomeação do presidente-executivo, Hector Grisi, como membro do colegiado da instituição financeira.
Botín disse ainda que o Santander está muito “bem preparado” para enfrentar novos desafios graças a um modelo de negócio diversificado, que lhe permitiu registar lucro recorde em 2022. O banco ambiciona atingir um ROTE de 15 a 17% entre 2023 e 2025.
As ações do Santander operavam perto da estabilidade na manhã desta sexta-feira, mas acumulam queda de 8% desde o início da turbulência no setor, em 9 de março.
Botín disse que o Santander tem uma base de depósitos estável, com cerca de 80% composta por clientes de varejo ou pequenos negócios, e com a maioria protegida por garantias, enquanto o desaparecimento do SVB ocorreu em parte porque esse banco estava exposto a um nível anormalmente alto de depósitos não cobertos por garantias federais.
O Santander tem cerca de 200 bilhões de euros em recursos depositados em bancos centrais, o que equivale a 20% da base total de depósitos do banco, acrescentou Botín.
Nos Estados Unidos, Grisi disse que o Santander está focado em empréstimos automáticos, principalmente clientes de varejo, “o que o torna mais resistente a situações de saídas abruptas de depósitos, no nosso caso 70% dos depósitos são segurados”.
No geral, o Santander encerrou 2022 com um índice de cobertura de liquidez de 152%, acima da média global do setor bancário de cerca de 140% no final de junho de 2022, de acordo com o Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia.