Investing.com - A semana encerrou ciclo de quatro pregões consecutivos no vermelho do Ibovespa na semana passada. No entanto, a alta acumulada de 1,81% a 94.578,26 pontos, com apenas uma sessão encerrada em queda, não aponta uma retomada do sentimento bullish que leve o principal índice acionário brasileiro novamente ao patamar dos 100 mil pontos.
O dólar é o melhor reflexo em relação à volatilidade impulsionada pelas confusões em Brasília. A moeda americana subiu 1,04% a R$ 3,9298.
O Ibovespa oscilou entre os terrenos positivo e negativo em sintonia com sinais enviados do Congresso, especialmente da tramitação da reforma da Previdência na CCJ da Câmara. O presidente da Câmara bem que tentou a aprovação da admissibilidade do texto do relator da reforma da Previdência na CCJ nesta semana. No entanto, a inexperiência dos deputados do PSL, que aceitaram um acordo com a oposição para votar a admissibilidade na semana que vem ante a pressão dos partidos do Centrão para mudança do texto, inviabilizou a intenção de Maia e do governo.
Antes, a visão otimista esperava a aprovação da CCJ no fim de março ou, no máximo, no início de abril. Agora, a votação da admissibilidade do texto está agendada para próxima terça-feira. Com isso, Maia diz que espera a instalação da Comissão Especial até por volta de 7 de maio.
O presidente da Câmara, além disso, se movimenta confirmando a sintonia com o ministro da Economia Paulo Guedes. Na segunda-feira, Maia disse em evento das revistas Exame e Veja estar otimista de que reforma que prevê a economia de R$ 1 trilhão em 10 anos, conforme proposta original do governo, será aprovada.
Na quarta-feira, o ministro da Economia desafiou as projeções dos analistas de mercado de uma reforma aprovada com economia de R$ 500-600 bilhões em entrevista à Globonews. Pelo contrário, o ministro aposta em um valor próximo à proposta original, mesmo com mudanças no texto.
Na mesma entrevista, Guedes falou, em linhas gerais, de que sua autonomia não foi afetada com o episódio do veto de reajuste do diesel da Petrobras (SA:PETR4) na semana passada. Além disso, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro começa a gostar da ideia de privatizar a estatal de petróleo, como também vê com bons olhos a desestatização de outra empresa sob controle da União, mas sem revelar qual.
Em relação à Petrobras, as ações recuperaram parte do tombo da semana passada. Valeu a cautela dos investidores se a intervenção do Palácio do Planalto, que vetou reajuste do diesel na semana passada, seria “pontual”. As medidas de apoio aos caminhoneiros anunciadas na terça-feira, como linha de crédito do BNDES para financiar capital de giro e investimentos de R$ 2 bilhões na melhoria de rodovias, animou o mercado e dissipou a percepção de interferência.
A fala de Guedes sobre sua autonomia fortaleceu de que a confusão da semana passada foi pontual. Como também o reajuste de 4,8% no preço do diesel nesta quinta-feira. Resta saber se a pressão dos caminhoneiros vai manter esse cenário, pois a categoria prometeu uma greve para 29 de abril.
No exterior, as projeções de desaceleração global diminuíram após divulgação de indicadores, pelo menos nos EUA e na China, menos na Europa. Os chineses apresentaram alta do PIB no primeiro trimestre, de 6,4%, acima do consenso, assim como na atividade industrial e nas vendas do varejo.
Os americanos tiveram as maiores vendas do varejo desde 2017 em março, assim como um mercado de trabalho aquecido sem pressionar a inflação.O Livro Bege apontou que a atividade econômica do país cresce de forma moderada. Desta forma, espera-se a manutenção da conduta do Fed de inalterar a taxa de juros ao longo do ano.
Apesar do índice de sentimento econômico compilado pelo instituto ZEW de Mannheim subiu para 3,1 de -3,6 em março na terça-feira, na quinta-feira o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do 2º trimestre dos principais países do continente apresentou contração. O PMI aponta crescimento desacelerando inesperadamente de novo uma vez que a demanda praticamente não aumentou apesar das altas de preços mais modestas.