Embora o pior momento da tempestade perfeita de coronavírus e briga pelo controle mundial do petróleo pareça superado, o mercado global de ações está longe de assinalar uma tendência consistente de recuperação.
Não, pelo menos, até que os principais bancos centrais radicalizem o afrouxamento de suas políticas monetárias.
A avaliação é de Oliver Allen, que assina o relatório da Capital Economics sobre o assunto. “A perspectiva global é inacreditavelmente incerta”, afirma o analista.
O cenário mais provável, por ora, é que a recente queda dos ativos de renda variável estimule o Fed (banco central americano) a zerar sua taxa básica de juros nos próximos meses.
No mesmo caminho, o Banco Central Europeu deve cortar sua taxa em 25 pontos base (0,25 ponto percentual) em breve. Mas, para Allen, o efeito prático dessas medidas é quase nulo para recuperar o mercado mundial de ações.
Abaixo de zero
“A menos que o Fed reduza a taxa abaixo de zero, ou o Banco Central Europeu corte muito mais no território negativo – embora, ambos pareçam hesitantes sobre isso -, é difícil enxergar os cortes de juros dando suporte para a alta das ações agora”, ressalva a Capital Economics.
“Estímulos menos convencionais seriam necessários”, acrescenta. Apesar de tudo, o cenário básico da consultoria prevê que a epidemia de coronavírus seja controlada ainda no primeiro semestre, o que daria margem para a recuperação da atividade econômica mundial, a partir de julho.
O analista observa também que é improvável que a guerra entre russos e árabes pelo mercado internacional de petróleo pressione as cotações da commodity por muito tempo.
“Desde a crise financeira global, os preços do petróleo raramente permaneceram abaixo de US$ 40 por barril por muito tempo”, diz.
Assim, a Capital Economics estima que o barril encerre o ano ao redor de US$ 48.