Por Madeline Chambers
BERLIM (Reuters) - Os clamores gregos por bilhões de euros em indenizações pela ocupação nazista brutal durante a Segunda Guerra Mundial podem estar entrando por um ouvido do governo alemão e saindo pelo outro, mas alguns especialistas legais dizem que Atenas tem justificativas para o pleito.
O tema delicado deve vir à tona quando Alexis Tsipras visitar a chanceler alemã, Angela Merkel, em Berlim pela primeira vez na condição de primeiro-ministro da Grécia na segunda-feira, em uma atmosfera contaminada por acusações de promessas não cumpridas e alfinetadas pessoas entre seus ministros.
O líder esquerdista grego e seus ministros invocaram os crimes de guerra nazistas como parte de sua ofensiva para renegociar os termos do resgate financeiro de 240 bilhões de euros de Atenas com seus parceiros na zona do euro.
Centenas de vilarejos foram arrasados e mais de 20 mil civis foram mortos por soldados alemães determinados a massacrar a resistência grega entre 1941 e 1944. O ressentimento se enraizou, e as exigências variam entre 3,5 e 162 bilhões de euros.
Para aumentar a pressão para que Merkel faça pelo menos um gesto simbólico, alguns legisladores alemães declararam que Berlim tem a obrigação moral de estudar a concessão de indenizações.
Mesmo assim, há poucos sinais de que o governo, que teme abrir as comportas para outras demandas no futuro, irá ceder.
"Não há justificativa. Os gregos deveriam fazer sua lição de casa (na economia) e não procurar culpados em outras partes", disse Volker Kauder, líder parlamentar dos conservadores de Merkel.
A Alemanha pagou cerca de 72 bilhões de euros em compensações gerais pelos malfeitos nazistas desde a guerra e muitos creem que o país tentou reparar seu passado nazista, um legado que ainda molda sua diplomacia, de Israel à União Europeia.
Um dos pontos principais da argumentação alemã é que um pagamento de 115 milhões de marcos feito à Grécia em 1960 anula pedidos individuais. Acordos semelhante foram feitos com outros Estados europeus.
Alguns legisladores afirmam que o assunto não é tão simples, em parte porque, após sua rendição incondicional em 1945, a Alemanha jamais firmou um acordo de paz universal para resolver a questão das reparações.
"O argumento do governo alemão é frágil e questionável", opinou o especialista em lei internacional Andreas Fischer-Lescano. "Não é aceitável firmar um tratado às custas de uma terceira parte, neste caso a Grécia."
(Reportagem adicional de Andreas Rinke)