SÃO PAULO (Reuters) - A marca sul-coreana de veículos Ssangyong vai voltar a vender no Brasil no início de 2018, em parceria com a brasileira Venko Motors, após ter saído do país há quatro anos, quando o antigo importador foi atingido pela alta da tributação sobre importados e pela própria crise do mercado automotivo nacional.
A montadora da Coreia do Sul, parte do grupo indiano Mahindra, já tem presença em mercados sul-americanos como Chile e Peru e no Brasil chegou a passar por outros importadores antes de firmar parceria de 10 anos com a Venko, que tornou-se mais conhecida ao viabilizar a entrada da chinesa Chery no país no início dos anos 2010.
A Ssangyong nunca foi um grande sucesso de vendas no Brasil, acumulando vendas de 17 mil veículos entre 2001 e 2014, quando a Venko ainda não estava envolvida na importação da marca no país, segundo contas do diretor de operações da Venko e da Ssangyong Brasil, Marcelo Fevereiro.
"Vamos posicionar a Ssangyong como marca premium, opção competitiva para consumidor interessado em veículo diferenciado", disse o executivo. Trata-se de uma estratégia oposta da adotada quando a Venko ainda importava veículos de baixo custo da Chery no país.
"O segmento premium, mesmo no auge da crise em 2015 e 2016 cresceu 17 por cento, tem crescido dois dígitos ao ano nos últimos anos", afirmou o Fevereiro.
Segundo ele, a volta da Ssangyong ao país é resultado do fim do regime automotivo Inovar Auto, que expira no final deste ano, e que ao ser sancionado pelo governo federal em 2012 elevou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos importados em 30 pontos percentuais.
"O fim do Inovar Auto é uma oportunidade. O IPI volta ao patamar normal. Além disso, o mercado está em plena recuperação. Projeções para o ano que vem apontam vendas maiores que este ano, crescendo perto de 10 por cento", disse Fevereiro.
Após quatro anos de quedas nas vendas, o mercado automotivo brasileiro deve crescer em 2017. A expectativa da associação de montadoras Anfavea é de expansão de 7,4 por cento nas vendas de automóveis e comerciais leves, para 2,14 milhões de unidades.
Pesou ainda uma reformulação do design dos veículos da marca nos últimos anos, a exemplo do que as também sul-coreanas Hyundai e Kia fizeram com seus veículos, tornando-os mais atraentes para mercados de exportação.
A Venko vai importar os utilitários esportivos da Ssangyong Tivoli, Korando e XLV e a picape Actyon Sports. A parceria firmada com a Ssangyong tem prazo de 10 anos, disse Fevereiro.
O plano da companhia é firmar contratos para abertura de 30 concessionárias no país. Uma fábrica inicial em regime de montagem de kits de peças desmontadas (CKD) não está totalmente descartada, mas vai depender da parceria alcançar vendas no mercado brasileiro de pelo menos 30 mil unidades por ano, disse o executivo.
Fevereiro não revelou meta de vendas para o próximo ano ou quanto a Venko está investindo no projeto com a Ssangyong. "Não necessariamente precisamos de fábrica no Brasil para sermos competitivos...Vamos trabalhar a questão do preço (dos veículos", disse o executivo.
(Por Alberto Alerigi Jr.)