Taxas dos DIs caem após Trump elogiar Lula e acenar com reunião

Publicado 23.09.2025, 16:46
Atualizado 23.09.2025, 16:49
© Reuters.

Por Fabricio de Castro

(Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em queda firme, de 10 pontos-base em alguns vencimentos, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso na ONU, reduzindo os receios no mercado de novas medidas econômicas contra o Brasil.

Trump disse que se reunirá com Lula na próxima semana e afirmou que teve “excelente química” com o brasileiro. A possível conversa foi confirmada pelo governo do Brasil.

Em sintonia com o recuo forte do dólar ante o real, no fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 estava em 13,98%, ante o ajuste de 14,031% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,23%, ante o ajuste de 13,327%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2030 estava em 13,23%, ante 13,324% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,425%, ante 13,5%.

A participação de Lula na assembleia da ONU era bastante esperada pelos agentes do mercado, que nos últimos dias demonstraram temor de que Trump pudesse adotar mais medidas econômicas contra o Brasil.

Em julho, Trump havia definido uma tarifa de 50% para uma série de produtos brasileiros, citando como uma das justificativas o julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado, condenado posteriormente a 27 anos e 3 meses de prisão.

Na última segunda-feira, os EUA anunciaram sanções a Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.

Em seu discurso na ONU no fim da manhã, Lula disse que a soberania brasileira é inegociável e criticou medidas unilaterais impostas ao país, além dos ataques ao Poder Judiciário brasileiro. Sem citar diretamente os EUA ou Trump, Lula também afirmou que a imposição de sanções arbitrárias está se tornando constante e que os ideais que inspiraram a criação da ONU estão ameaçados.

Trump falou logo depois de Lula e citou o Brasil no fim do discurso. O norte-americano disse que passou por Lula após o brasileiro discursar, acrescentando que ambos se abraçaram e falaram rapidamente.

"Tivemos uma boa conversa e concordamos em nos reunir na semana que vem", disse Trump. "Ele pareceu ser uma pessoa muito boa."

Os comentários de Trump trouxeram alívio ao mercado e fizeram o dólar renovar mínimas ante o real. Na renda fixa, as taxas dos DIs também aprofundaram perdas, em meio à percepção de que o aceno de Trump a Lula reduz o risco de novas medidas contra a economia brasileira.

Perto das 13h -- já após os discursos de Lula e Trump -- a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu a mínima de 13,950%, em baixa de 8 pontos-base, enquanto a taxa para janeiro de 2030 marcou a mínima de 13,185%, em queda de 14 pontos-base.

A fala de Trump colocou em segundo plano a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada mais cedo. Nela, o BC indicou que, após avaliar os efeitos acumulados do choque de juros, entrou agora em um "novo estágio" da política monetária que prevê taxa Selic em 15% por um longo período, para buscar a meta de inflação.

“Agora, na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”, destacou o documento.

Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, o BC assumiu "com mais clareza" que o ciclo de elevações da Selic está encerrado.

"É claro que ele deixa uma abertura dizendo que se precisar aumentar, ele vai. Mas o registro de modo geral mudou. Agora é um registro de um Copom que vai esperar para ver o que a firme elevação da taxa de juros vai trazer para a economia brasileira", disse Gala.

Neste cenário, perto do fechamento a curva a termo brasileira precificava em 96% a probabilidade de manutenção da Selic em 15% na próxima reunião do Copom, no início de novembro.

No exterior, após oscilarem na primeira metade do dia perto da estabilidade, os rendimentos dos Treasuries cediam neste fim de tarde, depois de o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmar que o impacto das tarifas de Trump sobre a inflação dos EUA tem sido modesto até o momento.

Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 3 pontos-base, a 4,114%.

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