A pressão vinda do exterior que estressou o mercado de juros na primeira etapa perdeu força e as taxas reduziram a alta no fechamento, alinhadas à melhora nos ativos em Wall Street. A despeito da ameaça de uma nova onda de lockdowns pela Europa, os mercados conseguiram algum respiro após explicações técnicas de autoridades de saúde em relação à mutação do coronavírus que se espalha a partir do Reino Unido, segundo as quais a nova cepa não compromete a eficácia das vacinas em desenvolvimento. Com isso, houve enfim espaço para uma reação positiva ao acordo para o pacote fiscal nos EUA, que deve ser votado ainda hoje. Na sessão estendida, porém, retomavam alguma cautela após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), colocar para votação proposta que aumenta repasses da União para municípios, que pode retirar mais R$ 4 bilhões do caixa do Tesouro Nacional por ano.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular em 2,97% e a estendida em 2,96%, de 2,97% no ajuste de sexta-feira e a do DI para janeiro de 2023 também, na regular, ficou no mesmo patamar do ajuste anterior, a 4,42%, fechando a estendida em 4,41%. O DI para janeiro de 2025 terminou a regular em 5,92%, estável ante o ajuste anterior, e subiu a 5,94% na estendida. A do DI para janeiro de 2027 fechou a regular em 6,69%, de 6,703% no ajuste, e a estendida em 6,72%.
O clima internacional foi de cautela, imposta pelas informações de que a mutação do coronavírus tem potencial de transmissão 70% maior do que o tipo que assolou o mundo na primeira onda da pandemia. No meio da tarde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) descartou impactos da variante sobre a produção de vacinas contra a covid-19. "Vacinas já são produzidas visando uma ampla variedade de mutações", destacou o diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da entidade, Mark Ryan.
"Estas explicações mais técnicas deram uma aliviada nos mercados", afirmou o trader de renda fixa da Sicredi Asset, Danilo Alencar, lembrando que hoje, no pico do estresse, o DI para janeiro de 2027 voltou aos 6,88% atingidos na máxima de sexta-feira em meio aos ruídos políticos envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia.
André Alírio, operador de juros da Nova Futura, explica que o começo do dia foi pesado com temores de fechamento da Europa em função da segunda onda, mas depois houve redução da alta das taxas. "Pode ser uma correção técnica intraday, são duas semanas, esta e a próxima, muito curtas, o que pode chamar algum ajuste", disse. Ele não descarta, porém que na semana que vem haja uma nova melhora em função do tradicional "embelezamento de carteiras" tradicionalmente promovido pelos fundos em final de períodos.
A perspectiva de aprovação do pacote nos EUA, no valor de US$ 900 bilhões, após acordo ontem entre republicanos e democratas, reforça, na avaliação de Alencar, a percepção de que a curva de juros não tem como abrir muito, ao menos enquanto houver confiança na manutenção do teto de gastos. "Custo a ver 'trigger' para mudar tendência de apetite ao risco pelo mundo. Esse pacote representa mais dinheiro na economia que terá de ser remunerado de alguma forma. Devemos continuar vendo inflação nos ativos", explicou.