A terça-feira foi de volatilidade no mercado de juros. As taxas estiveram bastante pressionadas pela manhã, desaceleraram o ritmo de alta no meio da tarde, mas perto do fechamento o alívio também já era limitado. A informação de que o texto da PEC que vai recriar o auxílio emergencial a ser votado amanhã na Câmara será o mesmo que veio do Senado, dada pelo relator Daniel Freitas (PSL-SC) no começo da segunda etapa e confirmada mais tarde pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi determinante para a melhora da curva, num dia em que o cenário externo, com rendimento dos Treasuries em queda, desta vez não atrapalhou.
Ao mesmo tempo, foi insuficiente para uma virada no humor dos agentes, que operaram também de olho no noticiário relacionado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está, por ora, livre para disputar a eleição em 2022. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) em linha com o consenso não mexeu com as taxas e o leilão do Tesouro surpreendeu pela oferta grande de NTN-B (1,1 milhão) numa manhã de estresse.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou a 4,01% (regular) e 4,00% (estendida), de 3,960% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 avançou de 7,276% para 7,38% (regular) e 7,35% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 8,03% (regular) e 7,99% (estendida), de 7,864%.
Os temas internos prevaleceram durante todo o dia, especialmente aqueles que envolvem os riscos políticos e fiscal. Mal os agentes digeriam a decisão do ministro do STF Edson Fachin, ontem, de anular as condenações de Lula na Lava Jato, um novo estresse foi instalado com a chance de a PEC Emergencial ser desidratada para atender à pressão de algumas categorias. O Broadcast Político informou ontem à noite que o presidente Bolsonaro havia aberto negociação para liberar, na PEC, a possibilidade de progressão e promoção de servidores públicos. À tarde, Freitas descartou este risco. "O mercado operou atrelado a esta questão doméstica e melhorou depois na esteira da fala do relator", disse o estrategista da Tullett Prebon Vinicius Alves.
Segundo Freitas, o texto que veio do Senado tem sido o balizador das conversas. "É o momento que devemos olhar para o País e não especificamente para as corporações uma classe ou outra", disse o deputado.
Quanto ao Copom da semana que vem, segue a divisão no quadro de apostas, entre alta de 0,5 e de 0,75 ponto porcentual. O Banco Central talvez tenha de pesar a mão para estancar a inclinação da curva e trazer de volta as expectativas para perto das metas de inflação - o boletim Focus aponta IPCA de 3,98% para 2021, ante meta de 3,75%. As previsões para o índice, em meio à alta do dólar e das commodities, têm sido recorrentemente elevadas.