Por Pamela Barbaglia e John O'Donnell e Brenna Hughes Neghaiwi
ZURIQUE (Reuters) - A alta administração do Credit Suisse (SIX:CSGN) está sob pressão para apresentar um plano de revisão para o banco suíço atingido por um escândalo, que pode incluir uma possível fusão com o rival UBS, disseram à Reuters três pessoas a par do assunto.
Os executivos temem que, vulnerável a escândalos, o banco se torne alvo de aquisição hostil estrangeira, disseram as fontes.
O novo presidente, Antonio Horta-Osorio, anunciou uma revisão estratégica no fim de abril, dizendo aos investidores que demoraria a tomar decisões difíceis. A administração do banco deve se reunir na próxima semana e os executivos devem examinar propostas de reestruturação no início de julho.
O banco suíço teve de rever seus negócios após perder mais de 5 bilhões de dólares na corrida para desfazer negociações do family office Archegos. E enfrenta uma enxurrada de ações judiciais por ajudar clientes a investir 10 bilhões de dólares em títulos da empresa de financiamento em colapso Greensill.
As ações do Credit perderam mais de um quarto do valor desde março, quando seus problemas com Greensill foram expostos.
"O Credit Suisse precisa imediatamente de uma fusão", disse uma pessoa com conhecimento do pensamento do banco à Reuters. "Há uma preocupação crescente em Zurique de que investidores ativistas vão atrás deles se ficarem parados."
Alguns executivos debateram medidas como desmembrar a unidade suíça para preparar o resto do negócio para uma fusão, reduzir o banco de investimento ou vender seu negócio de gestão de ativos, disseram duas pessoas. Um terceiro disse que vender o banco de investimento dos EUA também é uma opção.
As discussões sobre uma reestruturação são preliminares e nenhuma decisão foi tomada ainda, disseram as pessoas. O Credit Suisse e o UBS não quiseram comentar. Em abril, o supervisor suíço Finma abriu um processo contra o Credit Suisse após a Archegos e que investigará deficiências de gestão de risco.
A queda do valor mercado do Credit Suisse faz com que ele valha uma fração de alguns dos grandes bancos de Wall Street, que também foram apontados como potenciais pretendentes.
Mas uma aquisição dos EUA não seria bem recebida na Suíça. As relações com Washington ficaram desgastadas quando os EUA pressionaram pelo fim do sigilo de clientes há uma década.
Uma fusão com o UBS seria mais palatável.
Mas a combinação do Credit Suisse-UBS teria uma posição dominante no mercado suíço, preocupando reguladores. O Credit pode dividir o banco suíço para lidar com questões concorrência, disse uma fonte. O grupo combinado teria mais de 110 mil empregados e valor de mercado de mais de 85 bilhões de dólares.
No início deste ano, quando questionado sobre um acordo com o Credit Suisse, o presidente do UBS, Ralph Hamers, jogou água fria na ideia, dizendo que preferia crescimento orgânico.
O UBS manteve negociações de fusão com o alemão Deutsche Bank em 2019, mas desistiu diante da oposição suíça, disse outra pessoa familiarizada com o assunto.