(Reuters) - A montadora norte-americana Tesla (NASDAQ:TSLA) afirmou que tem a "obrigação moral" de continuar aprimorando seu sistema de assistência ao motorista Autopilot e disponibilizá-lo para mais consumidores, com base em dados que mostraram métricas de segurança mais fortes quando ele está ativado.
Em resposta a uma reportagem do jornal Washington Post sobre acidentes graves envolvendo o Autopilot em estradas onde o recurso não podia operar de forma confiável, a Tesla disse que seus dados mostram que a tecnologia está salvando vidas e evitando ocorrência de feridos.
A reportagem identificou pelo menos oito acidentes entre 2016 e 2023 em que o Autopilot poderia ser ativado em situações para as quais não foi projetado para ser usado, e disse que a Tesla tomou poucas medidas definitivas para restringir seu uso pela geografia, apesar de ter a capacidade técnica para fazê-lo.
O Autopilot é "destinado ao uso em rodovias de acesso controlado" com "um divisor central, marcações de faixa claras e sem tráfego cruzado", segundo o jornal, acrescentando que o manual do usuário da Tesla informa aos motoristas que a tecnologia também pode falhar em estradas com colinas ou curvas acentuadas.
A reportagem do Post "aproveita casos de mau uso do recurso de assistência ao motorista para sugerir que o problema é o sistema", disse a Tesla na rede social X, acrescentando que o Autopilot é cerca de 10 vezes mais seguro do que a média dos Estados Unidos e cinco vezes mais seguro do que um Tesla sem a tecnologia ativada.
A empresa também reiterou que o motorista permanece responsável pelo controle do veículo em todos os momentos e é notificado sobre essa responsabilidade.
O jornal escreveu que os órgãos reguladores norte-americanos, como a Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário (NHTSA), não adotaram regras para limitar a tecnologia aos locais onde ela deve ser usada, apesar de terem aberto investigações sobre o software após identificarem mais de uma dúzia de acidentes nos quais carros da Tesla bateram em veículos de emergência parados.
A NHTSA não comentou o assunto à Reuters. A agência disse ao jornal que seria muito complexo e exigiria muitos recursos verificar se sistemas como o Autopilot foram usados dentro das condições para as quais foram projetados e, potencialmente, não resolveria o problema.
No mês passado, um juiz da Flórida encontrou "evidências razoáveis" de que o presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, e outros gestores da montadora sabiam que os veículos da marca tinham um sistema Autopilot defeituoso, mas ainda assim permitiram que os carros fossem dirigidos de forma insegura.
A decisão foi um revés para a Tesla depois que a empresa venceu dois julgamentos de responsabilidade na Califórnia este ano sobre o sistema Autopilot.
(Por Jyoti Narayan)