Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - A fintech de transferência internacional de recursos entre pessoas TransferWise está abrindo um escritório no Brasil como parte dos planos de expandir serviços no país que se tornou um de seus cinco maiores mercados em pouco mais de dois anos.
Enquanto trabalha para obter uma licença do Banco Central para ter uma corretora de câmbio, a companhia criada em Londres por dois estonianos faz planos para começar a atender pequenas e micro empresas em 2019.
"O Brasil é um dos nossos mercados prioritários para os próximos anos", disse à Reuters a chefe de operações bancárias da TransferWise para a América Latina, Diana Avila.
Mercado que deve movimentar cerca de 5 bilhões de dólares em 2018, segundo dados anualizados do BC, as transferências internacionais de dinheiro entre pessoas são um filão de crescente interesse de instituições financeiras, especialmente após alguns bancos internacionais especializados no segmento, como HSBC e Citi, terem sido vendidos a rivais domésticos.
O movimento da TransferWise também acontece no momento em que o BC tem estimulado a proliferação de plataformas digitais para prestação de serviços bancários, como parte de sua campanha para reduzir juros e tarifas cobradas de clientes.
Nesse aspecto, a TransferWise, que se apresenta como maior fintech mundial do mercado conhecido como "remittances", tem ganhado popularidade no exterior por causa dos custos mais baixos do que os cobrados por bancos nessas operações.
Em vez do modelo tradicional de transferências bancárias, a TransferWise usa um sistema de compensações entre contas bancárias locais, usando o câmbio oficial, o que simplifica, agiliza e barateia as operações.
A empresa calcula que seus serviços de transferência internacional de dinheiro custam cerca de 10 por cento dos valores cobrados pelos bancos, ou cerca de 0,3 por cento do valor das operações dos clientes, em média.
Com isso rapidamente ganhou rápida popularidade, a ponto de ameaçar a gigante e centenária norte-americana Western Union, movimentando mais de 4 bilhões de dólares por mês por meio de 49 divisas diferentes e com 4 milhões de clientes.
No Brasil, a companhia atua como correspondente cambial dos MS Bank e do Banco Rendimento, permitindo operações de até 30 mil reais cada.
Segundo Diana, que também articulou parcerias com bancos de Colômbia, Peru, Chile e Argentina para viabilizar licenças, depois que receber aval do BC brasileiro para ter uma corretora, deve ampliar a oferta de serviços, incluindo para pequenas e micro empresas. "Esse mercado está só começando aqui", disse ela.