Por Ahmed Elumami
TRÍPOLI (Reuters) - Carros carbonizados e prédios marcados por balas foram vistos na capital da Líbia neste domingo, um dia após intensos combates, que deixaram 32 pessoas mortas.
As batalhas ocorreram por toda a cidade durante o sábado, à medida que as forças alinhadas com a administração de Fathi Bashagha, apoiada pelo Parlamento, não conseguiram assumir o controle da capital Trípoli e derrubar o governo de Abdulhamid al-Dbeibah.
Em uma volta pela cidade neste domingo, a Reuters observou trabalhadores limpando vidros e detritos de ruas repletas de cartuchos de munição usados, enquanto combatentes alinhados com Dbeibah permaneciam em frente a bases tomadas pelas forças afiliadas de Bashagha.
O tráfego havia retornado em muitas vias, enquanto os moradores inspecionavam os danos em suas propriedades.
Os confrontos eclodiram e terminaram de repente. Mas a natureza breve do conflito não anulou os temores da retomada de uma guerra ampla entre os rivais, após meses de impasse em uma nação que sofreu mais de uma década de caos e violência.
A Líbia tem tido pouca paz desde o levante de 2011 apoiado pela Otan que derrubou o antigo autocrata Muammar Gaddafi, dividindo o país entre facções rivais do leste e do oeste em 2014. A produção de petróleo da Líbia, um prêmio para os grupos em guerra, tem sido repetidamente interrompida.
As perspectivas de Bashagha de assumir o controle de Trípoli, que fica no oeste da Líbia, parecem muito abaladas por enquanto, mas não há sinal de um compromisso político ou diplomático mais amplo para acabar com a luta pelo poder no país.
O grupo que apoiou Bashagha, incluindo o presidente do Parlamento, Aguila Saleh, e o comandante Khalifa Haftar, com seu Exército Nacional da Líbia, tem dado poucos indícios de que está pronta para chegar a um acordo com Dbeiba.
O Parlamento de Saleh, com sede no leste da Líbia, disse que o governo de Dbeibah ultrapassou o tempo de seu mandato e nomeou Bashagha para substituí-lo no início deste ano, após um processo político que previa novas eleições colapsar. Dbeibah desafiou a nomeação.
"Dbeibah parece mais sólido e mais permanente agora do que parecia há 48 horas", disse o analista Jalel Harchaoui. "Haftar e Aguila Saleh precisam decidir se podem conviver com uma configuração na qual eles quase não têm controle sobre Trípoli".
(Reportagem adicional de Ayman al-Warfali; redação de Angus McDowall)