SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Federação Única dos Petroleiros (FUP) vai manter a mobilização de cinco dias iniciada na segunda-feira, apesar de decisão de um ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que suspendeu na véspera repasses aos sindicatos pelo descumprimento de liminar que impedia o movimento grevista.
O ministro Ives Gandra Martins, do TST, determinou ainda o bloqueio cautelar das contas das entidades sindicais no limite de 2 milhões de reais a cada dia de prosseguimento do movimento dos trabalhadores.
Segundo o diretor de assuntos institucionais e jurídicos da FUP, Deyvid Bacelar, a federação já entrou com recurso no TST para tentar derrubar a decisão do ministro.
Para Bacelar, o movimento tem caráter diferente, uma vez que os petroleiros estão sendo chamados a protestar por meio da doação de sangue, e as unidades produtoras da Petrobras (SA:PETR4) não estão sendo paralisadas como poderia acontecer em uma greve.
Ele admitiu, contudo, que em algumas refinarias não está havendo a troca de turno, uma vez que a categoria está aderindo ao movimento.
"Estão deixando de trabalhar para doar sangue, é direito do trabalhador doar sangue e ter o dia abonado", declarou.
Ele considera que o movimento não está parando unidades e que não há impacto na produção.
Para Bacelar, dessa forma os petroleiros respeitaram a decisão inicial do TST de se absterem de fazer greve.
De acordo com nota publicada pelo TST, "a Petrobras demonstrou que diversas refinarias paralisaram suas atividades e que os grevistas estão impedindo a entrada de funcionários em suas instalações".
Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.
O movimento grevista, segundo a FUP, visa alertar a sociedade sobre os riscos da política de demissões em massa e transferências que vêm sendo aplicada pela atual diretoria da Petrobras, que tem uma política de desinvestimentos.
Além disso, a FUP afirmou que a empresa incluiu metas de segurança, saúde e meio ambiente (SMS) como critérios para pagamento de bônus e concessão de vantagens, o que, segundo ela, fere cláusulas do acordo trabalhista.
(Por Roberto Samora e Marta Nogueira)