SÃO PAULO (Reuters) - O presidente da Braskem (SA:BRKM5), Carlos Fadigas, rebateu a alegação de que o contrato de nafta com a Petrobras (SA:PETR4) de 2009 e 2014 deu prejuízo de 6 bilhões de reais à petroleira.
"Não vejo nenhuma forma de sustentar qualquer número parecido com 6 bilhões de reais. Não existe nenhuma ação contra a Braskem nesse sentido nesse exato momento", disse Fadigas nesta sexta-feira em teleconferência com analistas.
O executivo se referiu à alegação do Ministério Público Federal, em julho, em meio a denúncias contra executivos da Odebrecht, controladora da Braskem, e da Andrade Gutierrez no âmbito da Operação Lava Jato. A suspeita é que a estatal vendeu nafta à Braskem por valor abaixo do de mercado. Isso provocou intensa oscilação nos papéis da petroquímica.
"No que diz respeito à Braskem, isso ainda está no contexto de ações criminais contra terceiros", disse Fadigas.
Segundo a Braskem, o suposto prejuízo resultou da decisão da Petrobras de usar nafta contratada pela indústria petroquímica para aumentar a produção de gasolina e atender ao aumento do consumo do combustível no Brasil. Para respeitar os contratos, depois teve que comprar nafta importada mais cara.
A Braskem está discutindo com a estatal a renovação do acordo, que está em seu terceiro aditivo de seis meses. O aditivo atual vigora até o fim de agosto.
ESTRATÉGIA
Apesar do desaquecimento da demanda por resinas no mercado interno por conta da desaceleração da economia, a Braskem disse não ter planos de reduzir a capacidade, exportando o restante no terceiro trimestre.
De abril a junho, a demanda interna por resinas da Braskem foi de 1,2 milhão de toneladas, queda de 8 por cento ante mesmo período de 2014.
Cerca de 55 por cento do faturamento da Braskem tem origem na produção e venda no Brasil, 25 por cento é produzido aqui e exportado e 20 por cento é produzido e vendido no exterior.
A companhia teve forte geração de caixa no segundo trimestre, com lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 2,61 bilhões de reais, mais que o dobro do 1,13 bilhão no mesmo período de 2014.
Com isso, a intenção é manter a política atual de dividendos e seguir desalavancando a empresa, disse Fadigas.
Sobre o programa de redução de gastos fixos, a petroquímica espera pouca contribuição no segundo semestre, captura parcial de ganhos em 2016 e cheia em 2017. A meta é obter economia anual de 300 milhões a 400 milhões de reais em base constante.
Às 15h48 (horário de Brasília), a ação da Braskem caía 3,5 por cento, enquanto o Ibovespa cedia 2,76 por cento.
(Por Priscila Jordão)