SÃO PAULO (Reuters) - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, elogiou o trabalho desenvolvido pelos membros da Comissão Nacional da Verdade no Brasil nesta quarta-feira, quando foi apresentado o relatório final das investigações sobre as violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, principalmente durante a ditadura militar.
A comissão concluiu que houve crimes contra a humanidade durante o regime militar, depois de passar 31 meses analisando documentos e colhendo depoimentos de familiares e pessoas que foram perseguidas. Também ouviu militares e agentes de segurança da época para tentar reconstruir o período ditatorial (1964 a 1985) e apontar responsabilidades.
"As Nações Unidas encorajam e apoiam esforços em todo o mundo para desvendar os fatos que envolvem grandes violações dos direitos humanos", afirmou Ban em mensagem aos membros da Comissão Nacional da Verdade, de acordo com a página da ONU Brasil na Internet.
"Informar a sociedade e estimular o diálogo sobre as liberdades fundamentais, e como estas foram violadas, é uma salvaguarda vital contra a recorrência de abusos... todas as vítimas têm o direito de saber a verdade sobre as violações que sofreram."
Na cerimônia de entrega do relatório de três volumes nesta quarta-feira em Brasília, a presidente Dilma Rousseff, ex-prisioneira política, se emocionou e disse que o país devia isso às gerações que sofreram as terríveis consequências da ditadura militar.
Na mensagem, Ban manifestou solidariedade àqueles que sofreram como resultado das "brutais e sistemáticas violações dos direitos humanos" e convocou a todos os envolvidos a divulgar as descobertas e as recomendações do relatório da forma mais extensa possível.
A Comissão Nacional da Verdade foi instalada em maio de 2012 por Dilma, que foi torturada e passou três anos presa durante o regime militar. O relatório será disponibilizado na íntegra na Internet (www.cnv.gov.br).
"As Nações Unidas estão ao lado de todos os brasileiros na lembrança de suas perdas, nos seus esforços para fortalecer a proteção dos direitos humanos e na promoção da reconciliação nacional", acrescentou Ban.
(Por Bruno Marfinati)