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Enfermeira espanhola com Ebola piora; governo atribui infecção a erro humano

Publicado 09.10.2014, 14:25
Enfermeira espanhola com Ebola piora; governo atribui infecção a erro humano

Por Sonya Dowsett

MADRI (Reuters) - O estado de saúde da enfermeira espanhola com Ebola piorou nesta quinta-feira e quatro outras pessoas foram isoladas em Madri, onde o governo do país negou que seus métodos contra a doença não estão funcionando e atribuir a contaminação a erro humano.

Teresa Romero, de 44 anos, é a primeira pessoa a contrair o Ebola fora do oeste da África. Ela foi infectada por um padre espanhol repatriado da África com a doença que faleceu mais tarde.

No total, sete pessoas estão isoladas, embora só Teresa tenha sido diagnosticada com o Ebola. Entre elas estão o marido da enfermeira e dois médicos que a trataram, e as outras três foram liberadas da ala de isolamento no final da quarta-feira depois de testarem negativo para o vírus.

Uma autoridade de saúde no hospital Carlos 3º, onde ela está sendo tratada, disse nesta quinta-feira: "Seu quadro clínico se deteriorou, mas não posso dar mais informaçõe por desejo expresso da paciente."

A Comissão Europeia pediu explicações sobre como ela foi infectada em uma ala de alta segurança.

"É óbvio que a própria paciente reconheceu não ter seguido o protocolo rigorosamente", afirmou Ruben Moreno, porta-voz da saúde do governista Partido Popular, em uma entrevista na TV.

Germán Ramirez, um dos médicos do hospital onde a enfermeira está internada, afirmou na quarta-feira que ela lhe avisou ter tocado o rosto com as luvas de proteção.

Nesta quinta-feira outro médico, que cuidou dela e é um dos isolados, disse que as mangas da veste protetora que usava enquanto cuidava da enfermeira eram curtas demais.

Em uma carta às autoridades de saúde, publicada pelo jornal El País, o médico detalhou o extenuante plantão de 16 horas de tratamento da enfermeira, durante o qual não foi informado que ela tinha o vírus do Ebola, o que afirma só ter sabido pela imprensa.

A epidemia já matou quase 4 mil pessoas no oeste da África desde março e é a pior já registrada.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou não ver sinais de que o surto de Ebola esteja sendo controlado na Libéria, Guiné e em Serra Leoa. A primeira pessoa diagnosticada com a febre hemorrágica nos Estados Unidos morreu na quarta-feira, e o governo dos EUA ordenou verificações mais rigorosas em cinco grandes aeroportos.

Em Madri, agentes de saúde de um grande hospital protestaram contra o treinamento inadequado para lidar com a doença mortal, e sindicatos exigiram a renúncia da ministra da Saúde, Ana Mato.

"Em alguns lugares estão realizando treinamento, em outros não, falta coordenação", disse a representante sindical Rosa Cuadrado à Reuters.

 

FÉ ABALADA

As notícias de contaminação do Ebola no país abalaram a confiança da população espanhola no governo e no sistema de saúde, que sofreu grandes cortes de verbas em função da adoção de medidas de austeridade fiscal nos últimos anos.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, pediu calma e disse ser extremamente improvável que o surto contamine muitas pessoas.

© Reuters. Hospital Carlos 3o em Madri

A investigação sobre como a enfermeira contraiu a doença continua. O porta-voz da saúde do governo afirmou que a ambulância que buscou a enfermeira em casa, embora tenha sido desinfectada entre as viagens, levou outros pacientes ao hospital até se saber que ela tinha Ebola.

É improvável que os pacientes levados na ambulância, sete segundo a imprensa, tenham sido infectados, mas estão sendo monitorados, informou o porta-voz.

(Reportagem adicional de Emma Piñedo, em Madri, e Tom Miles, em Genebra)

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