SÃO PAULO (Reuters) - A lenta retomada na produção de veículos e de alguns outros setores industriais aliada ao desligamento de alto-fornos por usinas siderúrgicas do país deve gerar um ambiente de equilíbrio entre oferta e demanda por aço no Brasil em breve, o que poderia permitir reajustes nos preços da liga, afirmou o diretor comercial da Usimimas (SA:USIM5), Miguel Camejo, nesta sexta-feira.
Segundo o executivo, atualmente a diferença de preços entre o aço nacional e o importado está negativa em cerca de 10%, o que significa que os preços no país estão mais baratos que os internacionais.
Camejo disse que uma "paridade saudável de 7% a 10% (positiva)" seria possível de ser buscada após o atingimento do equilíbrio entre a oferta e demanda por aço no país. Ele, porém, não precisou quando isso poderia ocorrer.
Os comentários são semelhantes aos feitos na semana passada pelo diretor comercial da rival CSN (SA:CSNA3), Luis Fernando Martinez, para quem o chamado "prêmio" do aço no Brasil estava negativo em 12% a 15%. Na ocasião, Martinez já tinha alertado que a CSN iria subir seus preços em 10% a 12% em junho.
"Hoje precisamos chegar rápido a esse equilíbrio de oferta e demanda", disse Camejo, acrescentando que um terço das vendas da Usiminas é feita para o setor automotivo, que está retomando produção a partir deste mês após paralisação no final de março.
As ações da Usiminas caíam 4,4% nesta tarde, enquanto o Ibovespa (BVSP) mostrava baixa de 0,85%. A empresa divulgou mais cedo que teve prejuízo de 424 milhões de reais no primeiro trimestre, impactada pela depreciação do real.
Para enfrentar os efeitos econômicos da crise gerada pela Covid-19, a Usiminas cortou a projeção de investimento neste ano de 1 bilhão para 600 milhões de reais. A empresa, porém, manteve os principais projetos previstos: reforma do alto-forno 3 de Ipatinga (MG), que segue em operação mas com carga reduzida, reconstrução do gasômetro da usina e construção de instalações de empilhamento a seco para sua unidade de mineração, disse o diretor financeiro, Alberto Ono, na teleconferência.
Ono afirmou que os fornos paralisados da Usiminas podem levar de 60 a 120 dias para serem reativados assim que a decisão for tomada porque a empresa optou por deixá-los esfriar para economizar custos com a parada. Apesar disso, ele disse que a empresa não corre o risco de perder o momento de retomada da demanda uma vez que as encomendas dos clientes chegam de 40 a 60 dias antes da entrega.
(Por Alberto Alerigi Jr.)