Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - As hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que já estão em operação mas ainda com obras em andamento em Rondônia, pediram à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para parcelar pagamentos que devem fazer no início deste ano devido à geração menor de energia em 2015, quando uma seca afetou a produção das usinas hídricas do Brasil de forma geral.
Ambos os empreendimentos, considerados "projetos estruturantes" por representarem investimentos bilionários na região Norte do país, enfrentaram elevação de custos durante as obras e dizem que os acionistas teriam grandes dificuldades para levantar os recursos neste momento.
O Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propuseram anteriormente um acordo para amenizar parte das perdas das usinas, mas a proposta exige o pagamento de parte dos custos com a compra de energia para compensar o déficit de geração. Jirau estima que essa conta seria de cerca de 360 milhões de reais, enquanto Santo Antônio estima um custo de 500 milhões de reais.
Jirau pertence à ESBR (Energia Sustentável do Brasil), que tem como sócios a francesa Engie e a japonesa Mitsui, além de Eletrosul e Chesf, do Grupo Eletrobras (SA:ELET3). Já Santo Antônio é operada pela Santo Antônio Energia (SAE), cujos acionistas são Cemig (SA:CMIG4) e Furnas, da Eletrobras, além de Odebrecht Energia, Caixa FIP Amazônia Energia e SAAG Investments.
A SAE afirmou à Aneel, em carta vista pela Reuters, que a usina já ultrapassou em 3 bilhões de reais o custo inicialmente previsto para os acionistas, que era de 9 bilhões de reais, e alegou que as empresas não teriam mais capacidade de colocar recursos no empreendimento.
A companhia disse que um parcelamento minimizaria o "devastador efeito financeiro" que o déficit hídrico trouxe a Santo Antônio e pediu ainda um prazo extra de 60 dias para analisar a adesão ao acordo que prevê compensação parcial pelas perdas com a hidrologia ruim do ano passado.
A SAE confirmou por meio da assessoria de imprensa que enviou a proposta à Aneel e disse que ainda não recebeu uma resposta do regulador.
Ambas as hidrelétricas alegam que a geração menor em 2015 teve grande impacto sobre os projetos por estes estarem em início da produção de energia, quando a geração de caixa é menor, ao mesmo tempo em que ainda enfrentam custos devido à continuidade das obras.
Esta sexta-feira é o último dia do prazo dado pela Aneel para que as elétricas decidam se irão aderir ao acordo que propõe a compensação parcial pela perda de receitas com a seca.
Uma vez concluídas, Jirau e Santo Antônio, ambas no Rio Madeira, estarão entre as maiores hidrelétricas do Brasil, com potência instalada de 3,7 gigawatts e 3,5 gigawatts, respectivamente.