Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale (BVMF:VALE3) considera a atração de parceria para sua unidade de metais básicos como forma de destravar valor, diante das perspectivas de crescente demanda por produtos como o níquel e o cobre para a produção de baterias, afirmou nesta sexta-feira o presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo.
A possibilidade de segregar o ativo já foi publicada anteriormente pela companhia, mas Bartolomeo ponderou que essa questão ainda não passou pela aprovação do conselho de administração.
"A gente antevê sim uma parceria entrando, isso é natural... temos engajado com o mercado para fazer isso", disse Bartolomeo, em teleconferência com analistas para comentar os resultados do terceiro trimestre.
O executivo destacou, no entanto, que a empresa não planeja vender a unidade de metais básicos.
"É o melhor ativo do mundo, a Vale vai manter. Agora, o que a gente quer é uma possível parceria para olhar o futuro."
Bartolomeo reiterou ainda que um eventual IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) da unidade de metais básicos também é uma possibilidade, "mas a gente precisa primeiro consertar o ativo", sem dar detalhes.
Na atração da parceria, Bartolomeo ressaltou que um possível parceiro precisa perceber o mesmo valor que a Vale percebe no ativo.
NOVOS PROJETOS EM CURSO
Diante das boas perspectivas para a divisão de metais básicos, a Vale aprovou investimento de 555 milhões de dólares para a construção do segundo forno de Onça Puma, para adição de capacidade de 12 mil a 15 mil toneladas de níquel por ano. A expectativa é que o projeto entre em operação em 2025.
Bartolomeo também destacou o início da primeira fase do Projeto Copper Cliff Complex South Mine de 945 milhões de dólares canadenses em Sudbury, Canadá.
A previsão é que a Fase 1 quase dobre a produção de minério na mina de Copper Cliff, adicionando cerca de 10 mil toneladas por ano de níquel contido e 13 mil toneladas por ano de cobre.
"São marcos importantíssimos conforme posicionamos os metais básicos como fornecedor chave essencial para a transição energética", disse o presidente.
ENTRADA DA COSAN
Bartolomeo também comentou durante a teleconferência que a decisão recente da Cosan (BVMF:CSAN3) de adquirir participação de ações da Vale foi "extremamente positiva".
"A gente vê esse movimento da Cosan como uma validação do nosso investimento, do nosso trabalho. Quando você vê a Cosan, com o histórico deles em criar crescimento. Pessoas e empresas com essa mentalidade, e que escolhem a nossa empresa, nos deixa muito orgulhosos e otimistas", afirmou.
O conglomerado Cosan anunciou no início do mês que adquiriu participação de aproximadamente 4,9% do total de ações ordinárias de mineradora Vale.
Segundo ele, a Cosan poderá ajudar a Vale a ver e antever oportunidades e a destravar valor.
O executivo disse ainda que as interações com a Cosan "têm sido ótimas" e que eles reconhecem que a Vale está materialmente com os riscos mitigados, em conformidade com as questões de meio ambiente social e de governança.