Por Jessica Bahia Melo
Investing.com – Após a mineradora Vale (BVMF:VALE3) ter divulgado seus dados operacionais do primeiro trimestre, analistas consideraram os indicadores pouco inspiradores. Relatórios divulgados pelos bancos BTG (BVMF:BPAC11), Goldman Sachs (NYSE:GS) e pela XP (BVMF:XPBR31) avaliaram o documento de produção e vendas como decepcionante, acendendo um aleta para os resultados financeiros completos que serão reportados na semana que vem. O mercado reagiu mal e, às 11h40 (de Brasília), as ações da Vale recuavam 2,99%, a R$76,22.
O último trimestre foi marcado pelo aumento da produção de minério de ferro em 6% na comparação anual, de 20% na de pelotas e 8% na de cobre, enquanto a produção de níquel diminuiu 10% na mesma análise. No entanto, a Vale reforçou o guidance para 2023.
A sazonalidade foi dolorosa e trouxe relatório de produção e vendas decepcionante, indicou o Bank of America (NYSE:BAC) (bofA), que apontou produção e vendas do minério de ferro abaixo das expectativas. Os embarques de minério de ferro ficaram 5,2% abaixo do estimado pela instituição financeira. Segundo os analistas Caio Ribeiro, Leonardo Neratika e Guilherme Rosito, os preços realizados do minério de ferro também decepcionaram, chegando a US$108,6 por tonelada, contra estimativa de US$113,5 por tonelada dos analistas do banco.
Com os dados apresentados, os analistas projetam uma queda potencial em torno de US$400 milhões em relação ao que esperava para o Ebitda da companhia, que era de US$4,070 bilhões.
O BofA possui classificação neutra para as ações da Vale, com preço-alvo para as ADRs em US$19. Ainda que os analistas vejam a ação negociada abaixo da média histórica, acreditam no enfraquecimento da força dos preços do minério de ferro no segundo semestre.
Os dados foram avaliados como relativamente decepcionantes pelo BTG. Os embarques de minério de ferro, em torno de 54Mt, considerando finos e pelotas, vieram 4% abaixo das projeções já reduzidas do banco. Os metais básicos também ficaram abaixo da previsão, perdendo por 16%. A produção de minério de ferro superou os embarques no primeiro trimestre, devido a restrições de carregamento de Ponta da Madeira, além da estação chuvosa afetando embarques de Carajás.
De acordo com os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, “o mercado levará algum tempo para precificar o potencial de melhorias operacionais à frente”, pois a tese estaria muito dependente, no momento, de preços favoráveis. Ainda assim, o BTG possui classificação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de US$23 para as ADRs, como papel exposto à tese da recuperação chinesa. A mineradora é um dos nomes preferidos diante da flexibilização das medidas restritivas da covid-19 no gigante asiático.
“Na nossa visão, a administração continua altamente disciplinada em sua estratégia de alocação de capital (muito pouco capex de crescimento), e esperamos que a maior parte da agenda de médio prazo dependa de retornos em dinheiro para os acionistas”, apontam os analistas, que projetam rendimentos entre 11-13% para 2023, incluindo recompras.
A XP destacou os embarques fracos de finos e de pelotas do minério de ferro como ponto negativo, ao concordar que a estação chuvosa impactou nas vendas. Segundo aponta o analista Guilherme Nippes, a diferença entre produção e vendas pode ser explicada por restrições de carregamento no terminal de Ponta Madeira, paradas não programadas de manutenção e reequilíbrio da cadeira de suprimentos, completa o analista.
Para o próximo balanço da Vale, marcado para 26 de abril, após o fechamento do mercado, as projeções consensuais compiladas pelo InvestingPRO indicam um lucro por ação (LPA) estimado em R$2,24, com receita esperada em R$49,021 bilhões. Confira mais detalhes.