RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Ministério Público de Minas Gerais disse que foi informado pela Vale (SA:VALE3) de que há o risco de ruptura na cava da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), entre 19 e 25 de maio, movimento que poderia provocar ainda a ruptura da barragem Sul Superior, segundo documento publicado nesta quinta-feira.
Nesta semana, a mineradora havia informado que suas equipes identificaram movimentação no chamado talude Norte, na cava da mina, paralisada desde 2016. Na ocasião, informou que as autoridades competentes haviam sido envolvidas para também avaliarem a situação.
A barragem Sul Superior, que está há 1,5 km da área do talude, está em nível 3, o mais crítico para risco de rompimento, desde 22 de março, e a Zona de Autossalvamento já havia sido evacuada preventivamente em 8 de fevereiro. A estrutura tem volume de 6 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, segundo a reguladora ANM.
"A empresa Vale estima que, permanecendo a velocidade de aceleração de movimentação do talude norte da cava da mina de Gongo Soco, sua ruptura poderá ocorrer no período de 19 a 25 de maio de 2019, gerando vibração que poderá ocasionar a liquefação da barragem Sul Superior e sua consequente ruptura", disse o documento do Ministério Público.
As ações da Vale passaram a cair nesta quinta-feira, com notícias sobre os riscos apontados pelo Ministério Público. Perto do fechamento, o papel caía 3,50 por cento.
No documento, o MPMG recomenda que a Vale comunique, por meio de carros de som, jornais e rádios, informações claras, completas e verídicas sobre a atual condição estrutural da Barragem Sul Superior, possíveis riscos, potenciais danos e impactos de eventual rompimento.
Além disso, requer que a empresa forneça imediatamente às pessoas eventualmente atingidas todo o apoio necessário.
Procurada, a Vale não respondeu imediatamente ao pedido de comentários.
Mais cedo nesta semana, porém, a empresa já havia afirmado que todas as medidas preventivas para este cenário já foram tomadas, incluindo a realização de simulados de emergência com moradores da Zona de Segurança Secundária (ZSS).
Também em março, a Defesa Civil e a Vale equiparam a ZSS com sinalização das rotas de fuga.
Foram implantados pontos de encontro que funcionam 24 horas com equipes preparadas para o pronto atendimento à população.
Um alerta de desnível na barragem Sul Superior havia levado a retirada dos moradores da região poucos dias após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro. O desastre provocou uma grande revisão de segurança nas estruturas de mineração no Estado.
O rompimento da barragem de Brumadinho, com mais de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos, atingiu comunidades, mata, rios e instalações da própria Vale. Com a tragédia, foram registrados até agora 240 mortos e 30 desaparecidos.
(Por Marta Nogueira)