Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Vale (SA:VALE3) elevou em 39% a presença de mulheres em sua força de trabalho em todo mundo, entre dezembro de 2019 e janeiro deste ano, como resultado de iniciativas ligadas à diversidade que visam dobrar o indicador até 2025, apontaram dados da mineradora à Reuters.
No início do ano, a Vale registrou um total de 18,8% de mulheres na força de trabalho. Isso significou 4.350 mulheres a mais dentre seus funcionários, que somam atualmente cerca de 70 mil globalmente.
A meta hoje é atingir 26% de presença feminina até 2025.
"A pauta é mais ampla que gênero, ela olha a pluralidade humana", destacou a vice-presidente executiva de Pessoas da Vale, Marina Quental.
"É preciso tomar ações para reduzir o 'gap', essas ações têm que ser muito bem pensadas."
As iniciativas fazem parte de um processo de transformação cultural que foi impulsionado dentro da empresa após o rompimento mortal de barragem em Brumadinho (MG), no início de 2019.
Para atingir tais resultados, a empresa vem investindo em capacitação, facilitando redes de diálogo internas, além de criar novas formas de recrutamento que permitam um ambiente mais favorável e acolhedor para a maior presença feminina, disse Quental.
Segundo ela, é preciso trabalhar inclusive para quebrar certos "mitos na cabeça das pessoas", de que mulher não pode desempenhar algumas funções, principalmente na indústria de mineração, que é historicamente dominada por homens.
Como exemplo de iniciativas, a Vale adotou um "recrutamento às cegas" de trainees e estagiários, onde a seleção não olha gênero, faculdade, idade ou local de onde vem.
Além disso, a executiva disse que a chamada para o programa de trainee e estagiários também tem buscado retratar os públicos feminino, negro, LGBT, como forma de criar um ambiente atrativo para um público plural.
Em 2020, 61% dos contratados no programa de trainee foram mulheres, enquanto em 2021 esse número subiu para 68%.
A empresa também investiu na capacitação de mulheres. Segundo Quental, das cerca de 4.350 mulheres a mais na força de trabalho desde 2019, 1.000 delas foram contratadas em unidades operacionais do Brasil a partir do Programa de Formação Profissional (PFP), que priorizou a capacitação desse público.
MUDANÇAS NO ALTO ESCALÃO
A Vale também aumentou em 65% a presença de mulheres em cargos de alta liderança, considerando as gerências executivas e acima, passando de 12,4% em 2019 para 20,5% em janeiro último. Em números absolutos: de 25 para 45 mulheres.
Quental destacou que, quando chegou ao Comitê Executivo da Vale, ela era a única mulher. "Agora somos três", disse ela, de um total de 11 pessoas (incluindo o CEO e dez vice-presidentes), o que equivale a 27%.
Segundo ela, não é preciso esperar chegar a 50% para ver resultados. "Ser (SA:SEER3) a única na mesa era mais difícil."
Em outras frentes, a Vale também busca ampliar e construir um ambiente mais acolhedor para outros públicos, como negros e LGBTs.
No ano passado, a partir de uma demanda da própria força de trabalho, a empresa criou um benefício de hormonoterapia para transição de sexo. Atualmente, cerca de dez empregados participam do programa, que é quase 100% custeado pela empresa.
A Vale também tem como meta 40% de empregados negros em funções de liderança no Brasil até 2026, contra 29%, número registrado após a realização de um censo autodeclaratório com os empregados no Brasil.
(Por Marta Nogueira)