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Vale promete "colchão de segurança bastante superior" em barragens para evitar novos rompimentos

Publicado 27.01.2019, 18:26
© Reuters. Barragem da Vale em Brumadinho após rompimento em 25 de janeiro
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RIO DE JANEIRO (Reuters) - O diretor-presidente da Vale (SA:VALE3), Fabio Schvartsman, prometeu neste domingo que a mineradora vai criar um sistema de segurança nas barragens bastante superior ao atual para evitar uma repetição de rompimentos como o ocorrido na sexta-feira em Brumadinho (MG), que deixou dezenas de mortos e quase 300 desaparecidos.

"Nós vamos criar um colchão de segurança bastante superior ao que a gente tem hoje para garantir que nunca mais aconteça um negócio desse", disse Schvartsman em entrevista à Globonews em Brumadinho.

Segundo Schvartsman, a barragem de rejeitos que se rompeu estava "100 por cento dentro das normas", e mesmo assim houve o colapso da estrutura, que provocou uma avalanche de lama que atingiu comunidades próximas e a área administrativa da própria empresa.

De acordo informações divulgadas pela Defesa Civil de Minas Gerais na tarde de domingo, ao menos 37 pessoas morreram e 287 estão desaparecidas em consequência do rompimento.

"Existia uma série de ações em andamento que não foram de invenção da Vale, foram feitas por especialistas internacionais de renome, e nós seguíamos à risca tudo. Eu não sou técnico em mineração, eu segui a orientação dos técnicos e esse negócio deu no que deu, não funcionou", disse o executivo.

"Estão 100 por cento dentro de todas as normas, e não houve solução. Qual é a solução então? Me parece que só tem uma. Nós temos que ir além de toda e qualquer norma nacional e internacional. Além e acima,"

O rompimento em Brumadinho é o segundo desastre do tipo evolvendo a Vale em pouco mais de três anos. O número de mortos já supera as 19 vítimas fatais do rompimento em 2015 de uma barragem em Mariana, também em Minas Gerais, da Samarco, uma joint venture da Vale com a BHP.

No caso da Samarco, o rompimento despejou cinco vezes mais rejeitos de mineração, porém em uma região mais remota. A tragédia de Mariana, no entanto, atingiu o rio Doce, o que faz dela o maior desastre ambiental da história do país.

O executivo lembrou na entrevista ter ingressado na Vale em abril de 2017, portanto após o rompimento de barragem da Samarco.

Mais cedo, o Ministério Público de Minas Gerais informou que a Justiça mineira bloqueou mais 5 bilhões de reais da Vale para garantir a reparação de danos causados às vítimas do rompimento, ampliando para 11 bilhões de reais o total de recursos da mineradora bloqueados pela Justiça devido ao incidente.

Segundo o MPMG, que solicitou o novo bloqueio à Justiça, o dinheiro desta ação se soma a outros 5 bilhões de reais bloqueados para a reparação de danos ambientais provocados pelo rompimento. Além disso, a Justiça estadual de Minas Gerais também acatou pedido do governo do Estado para bloquear outro 1 bilhão de reais da mineradora.

Procurada, a Vale informou que assim que foi intimada pela decisão de bloqueio de 1 bilhão de reais apresentou petição informando que fará o depósito do valor, sem necessidade de bloqueio judicial, e que está "avaliando as providências cabíveis" quanto aos dois bloqueios de 5 bilhões de reais cada.

© Reuters. Barragem da Vale em Brumadinho após rompimento em 25 de janeiro

"A Vale entende que tais bloqueios não são necessários, uma vez que não se eximirá de suas obrigações de atendimento emergencial da população e reparações devidas", disse a empresa.

(Por Pedro Fonseca)

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