Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - O volume de cimento vendido no Brasil em junho cresceu 24% em relação ao mesmo período do ano passado, mantendo tendência de alta, em meio aos efeitos da pandemia de Covid-19, que ao obrigar as pessoas a ficarem em casa tem incentivado reformas, afirmou a entidade que representa os fabricantes do material, Snic.
As vendas de cimento em junho no país somaram 5,2 milhões de toneladas, um volume que por dia útil representa uma alta de 7,7% em relação a maio, afirmou a entidade em comunicado à imprensa.
"As reformas seguem em ritmo chinês há mais de dois meses, conforme demonstram indicadores de vendas de lojas de materiais de construção", informou a entidade, referindo-se a dados apurados pela empresa de meios de pagamentos Cielo (SA:CIEL3).
No acumulado do semestre, as vendas de cimentou subiram 3,6%, para 26,9 milhões de toneladas.
O Snic também citou que outro fator para o crescimento das vendas são as obras de empreendimentos imobiliários retomadas pelas construtoras. "Há registros, inclusive, do aumento de trabalhadores nos canteiros de obras", segundo a entidade.
Em junho, todas as regiões do país mostraram crescimento de vendas na comparação com o mesmo período de 2019, com destaque para o Nordeste, onde a comercialização subiu quase 45%. Norte e Centro-Oeste viram avanços de cerca de 28%, enquanto no Sudeste a alta foi de cerca de 19% e no Sul houve incremento de 12,8%.
Apesar do movimento, o Snic avalia que o setor deve sentir impacto no final do ano, diante da queda no número de lançamentos imobiliários. No final de maio, levantamento conduzido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) com construtoras em 118 municípios brasileiros, incluindo São Paulo, mostrou que 79% das empresas do setor planejava adiar novos projetos que seriam lançados nos próximos meses.
"O segundo semestre, especificamente o último trimestre, deverá impor um cenário negativo às indústrias do cimento e da construção civil", afirmou o Snic, embora medidas recentes anunciadas pela Caixa Econômica Federal e pelo governo possam ajudar a dar mais fôlego ao setor.
Na semana passada, a Caixa anunciou medidas para facilitar a contratação de crédito imobiliário, incluindo inclusão de custos de cartório e do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) nos financiamentos de moradias, itens que, segundo executivos da instituição, representam de 2% a 5% dos imóveis. Além disso, para construtoras, o banco reduziu, de 30% para 15%, o nível de vendas mínimas de novos empreendimentos, como condição para conceder empréstimos, e permitiu uso dos recursos das vendas das unidades habitacionais para pagamento de encargos mensais.