SÃO PAULO (Reuters) - A Via Varejo (SA:VVAR3) tem 4 bilhões a 5 bilhões de reais em créditos fiscais acumulados "que vão virar caixa" nos próximos três a cinco anos e não tem necessidade de recorrer ao mercado de capitais no momento para bancar planos de expansão, disse o vice-presidente financeiro da companhia nesta segunda-feira.
"Achamos suficiente a estrutura de capital hoje da companhia para fazer frente a esse crescimento...Muito analista não considera, mas temos um ativo muito grande de créditos fiscais e estamos conseguindo com bastante sucesso monetizar esses créditos", afirmou Orivaldo Padilha durante apresentação da Via Varejo a investidores.
"Temos cerca de 4 bilhões a 5 bilhões (de reais) no nosso balanço e isso ao longo dos próximos três a cinco anos vira caixa", acrescentou o executivo.
Porém, ele afirmou que se a Via Varejo encontrar alguma oportunidade "relevante" de aquisição, a companhia "talvez tenha que recorrer ao mercado de capitais".
As ações da companhia fecharam em queda de 2,06%, enquanto o Ibovespa subiu 0,05%.
O presidente-executivo da Via Varejo, Roberto Fulcherberguer, afirmou no evento que a empresa está "obviamente olhando para tudo" em se tratando de eventuais oportunidades de aquisições que potencializem a venda própria do grupo.
"Estamos olhando, várias (oportunidades de aquisições)...Mas estamos muito seletivos em todo processo de M&A que estamos fazendo", disse Fulcherberguer.
A companhia divulgou mais cedo que pretende ter participação de mercado de pelo menos 20% no comércio eletrônico no Brasil até 2025, previsto para atingir cerca de 500 bilhões de reais.
Fulcherberguer, porém, afirmou que as estimativas divulgadas mais cedo ao mercado "não são guidance", embora a estratégia empresa nos últimos meses esteja na ampliação de seu martkplace, que enfrenta rivais de peso como Mercado Livre (NASDAQ:MELI), B2W (SA:BTOW3) e Magazine Luiza (SA:MGLU3).
Segundo Fulcherberguer, a Via Varejo se prepara para a partir do terceiro trimestre permitir que os vendedores que tenham produtos em marketplaces rivais possam usar a infraestrura logística da companhia, dona das redes Casas Bahia e Ponto, para entrega dos itens aos clientes.
"Nós conseguimos fazer logística no Brasil inteiro...O vendedor não quer ter estoques em vários centros de distribuição diferentes porque isso significa capital de giro e com isso vamos dar oportunidade de sermos o hub logístico dele", disse o presidente da Via Varejo.
Ele comentou que em março, o marketplace da Via Varejo adicionou cerca de 10 mil vendedores e que o nível de recorrência dos consumidores na plataforma começa a ser mais perceptível.
A expectativa é que se o ritmo de adesão de vendedores e de ofertas de produtos for mantido, a penetração do marketplace nos negócios da Via Varejo fique mais relevante dentro de um trimestre. Na estimativa divulgada mais cedo, a companhia estimou que dois terços de suas vendas em 2025 serão oriundos de canais digitais.
No evento não houve menção a notícias recentes envolvendo o fundador da Casas Bahia em denúncias de exploração sexual.
Em seus comentários no evento, Fulcherberguer lembrou o processo de reestruturaçao do grupo iniciado em sua gestão a partir de 2019, afirmando que a "Via Varejo carrega um passado que a gente não quer carregar, a Via representa o novo. Novos caminhos."
Em comunicado, a Via Varejo afirmou que é atualmente uma corporação independente, sem bloco controlador, e que não comenta "casos que possam ter ocorrido em período anterior ao da atual gestão da empresa". A empresa acrescentou que "repudia veementemente todo e qualquer tipo de assédio, práticas ilegais e atos discriminatórios em nossas dependências ou fora delas".
(Por Alberto Alerigi Jr.; edição de Aluísio Alves)