Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - A Volkswagen Caminhões e Ônibus espera um crescimento de 5% a 10% nas vendas do mercado de veículos pesados em 2020 no Brasil, projeção considerada como conservadora pelo presidente da companhia, Roberto Cortes.
Segundo o executivo, a companhia se surpreendeu com o crescimento de cerca de 38% registrado pelo setor até o final de outubro no país neste ano, uma vez que as projeções iniciais da empresa apontavam para dois dígitos baixos.
O foco da companhia em 2020 é seguir recuperando margens perdidas durante a crise do mercado que chegou a apresentar nível de 80% de ociosidade em 2016.
"O que vemos agora para o ano que vem é um crescimento moderado...vai ser difícil crescer menos que 5%", disse o executivo em entrevista a jornalistas.
"Estamos vendo um momento de virada da economia. Nosso setor é termômetro disso, disse Cortes, reconhecendo momento de instabilidade na América Latina atualmente, mas avanços do governo de Jair Bolsonaro na economia brasileira.
"A política econômica está dando certo. O governo segurou o déficit, aprovou a (reformas da) Previdência, trabalhista...Não víamos isso nos últimos anos."
O executivo citou estimativas da indústria que apontam para vendas de 103 mil caminhões, 20 mil ônibus e exportações que devem fazer o setor chegar a vendas de 145 mil veículos em 2019. Em 2016, o Brasil teve vendas de apenas 50 mil caminhões novos.
Questionado sobre a apreensão de investidores externos em ampliar presença na bolsa de valores brasileira em meio aos distúrbios no Chile, Colômbia e crises na Argentina e na Venezuela, Cortes afirmou: "no geral, o ambiente de negócios está melhorando e é para isso que investidores olham".
A própria instabilidade na América do Sul dos últimos meses tem atingido os planos de internacionalização da companhia, com PIB em queda no Chile e Argentina derrubando vendas de caminhões e atrasando meta de empresa de ter 30% de suas vendas fora do Brasil nos próximos dois anos.
Atualmente, 80% dos negócios da Volkswagen Caminhões e Ônibus são gerados no Brasil e a internacionalização prevê que essa fatia caia para 70%. Cortes disse que o Brasil é atualmente o maior mercado da Traton, empresa do grupo Volkswagen que além da própria marca detém as bandeiras Scania, MAN e Rio, com participação nas vendas totais de 40%. O segundo maior é a Alemanha.
O executivo afirmou que, dentro do plano de 1,5 bilhão de reais de investimento entre 2017 e 2021, a Volkswagen Caminhões e Ônibus vai investir cerca de 111 milhões de reais na nova linha de caminhões elétricos, cujos primeiros protótipos está testando em parceria com a cervejaria Ambev (SA:ABEV3).
Atualmente, a fábrica da companhia em Resende (RJ) está operando com um turno e meio ante uma capacidade total de 100 mil veículos por ano em três turnos, disse Cortes. Ele afirmou ainda que a companhia venceu licitação para vender 3.600 ônibus escolares para o programa federal Caminho da Escola, com entregas a partir de janeiro.