La Paz, 9 jul (EFE).- A estatal boliviana YPFB considerou nesta terça-feira que o anúncio feito ontem pela Petrobras de que deixará de operar o gasoduto Bolívia-Brasil é uma oportunidade para melhorar sua presença direta no mercado brasileiro e não representa um contratempo.
A estatal boliviana anunciou em comunicado que concorrerá a uma licitação para aumentar sua participação no gasoduto Bolívia-Brasil, depois de que a Petrobras anunciou a venda das ações que possui nessa infraestrutura.
O objetivo da companhia boliviana é "aumentar sua influência no mercado de gás brasileiro".
"A possibilidade de ter maior presença no mercado brasileiro permitirá a YPFB realizar negociações para comercializar gás natural diretamente com empresas distribuidoras e indústrias privadas, sediadas no sudeste do Brasil, evitando a intermediação de outros atores", explicou a estatal boliviana.
A YPFB acrescentou que, assim, espera ganhar "em tempos de negociação, definição de volumes, preços e prazos contratuais".
O diretor da empresa Gas TransBoliviano, filial da YPFB, Luis Alberto Poma, disse no comunicado que a Petrobras "deverá pagar pelo transporte do gás que adquirir da Bolívia", quando deixar de participar do gasoduto.
"A redução na participação acionária da Petrobras no gasoduto de exportação não significa que o Brasil irá reduzir os volumes de compra de gás da Bolívia", advertiu Poma.
A YPFB, através de sua subsidiária YPFB Transporte, conta com 12% das ações da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), a companhia que leva o gás da fronteira da Bolívia até São Paulo.
A Petrobras Logística tem participação de 51%, "um percentual que até agora lhe permitiu controlar as operações do duto no lado brasileiro", segundo a YPFB.
"Para a YPFB, por outro lado, esta oportunidade de mercado permitirá fortalecer seu plano de expansão e internacionalização em nível continental", especificou o executivo.
O gasoduto Bolívia-Brasil, que está em funcionamento há duas décadas, tem 3.150 quilômetros de extensão, 82% deles em território brasileiro, é administrado pela TBG e conta com uma capacidade de até 32,85 milhões de metros cúbicos por dia, segundo a estatal boliviana.
A Petrobras informou nesta segunda-feira que chegou a um acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que permitirá a abertura do setor de gás e a venda de grande parte de seus ativos em transporte e distribuição no país até 2021.
A estatal brasileira terá que se desfazer do controle do gasoduto Bolívia-Brasil, em um documento no qual prevê que haverá "um ambiente favorável para a entrada de novos investidores no setor de gás natural" no mercado brasileiro.