CESSON-SAVIGNE, França (Reuters) - Amontoados ao redor de seus computadores, duas dezenas de franceses passaram sete horas digitando ferozmente. O objetivo é claro. Eliminar um vírus que invadiu os sistemas de uma agência ambiental do governo francês.
"Missão comprida! Eles fizeram o que foram contratados para fazer. Analisar, identificar e desenvolver um código que remove o vírus", disse Patrice, um oficial militar francês que realiza testes em potenciais recrutas para o centro de ciberdefesa no oeste da França.
O exercício foi um de dezenas realizados pelo país entre 20 e 31 de março, envolvendo 240 pessoas de 12 faculdades de tecnologia de ponta. O projeto é parte do plano para criar um exército de talentos em espionagem cibernética para combater esforços digitais de desestabilização.
As autoridades francesas querem que o grupo esteja preparado para enfrentar a ciberguerra que pode atingir setores estratégicos como água, eletricidade, telecomunicações e transportes. Outro objetivo é também proteger a democracia francesa, em meio a alegações de que a Rússia interferiu nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, no ano passado.
A preocupação com a defesa cibernética passou a ser uma das prioridades de segurança nacional na França, assim como em países como Rússia, China e Irã, com o aprimoramento das habilidades digitais de grupos criminosos. “As ameaças vão crescer. A frequência e sofisticação dos ataques estão crescendo sem pausa”, disse o Ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian em dezembro, depois revelar o comando da nova operação cibernética.
O "quarto exército", como foi chamado o grupo, receberá um investimento inicial de bilhões de euros até 2019. O objetivo é ter 3.200 soldados digitais em operação até lá ante apenas 100 seis anos atrás. Outros 4.400 reservistas estarão prontos para operar se necessário.
O exercício anual, que tem acontecido desde 2013, possibilitou que a França recrutasse 35 por cento dos reservistas que precisa. Mais e mais estudantes têm procurado postos de trabalho em tempo integral no setor, começando com salários de 3.000 euros por mês. "O perfil que procuramos é de alguém jovem que gosta de vasculhar um pouco e seja extremamente interessado no mundo digital”, disse Stephane, uma comandante que lidera a unidade cibernética que treina cerca de 1.000 pessoas por ano.
(Por John Irish e Marine Pennetier)