Por Mathieu Rosemain
PARIS (Reuters) - A Apple (NASDAQ:AAPL) recebeu um impulso nesta quarta-feira, quando o órgão antitruste da França rejeitou os pedidos da indústria da propaganda para suspender um recurso que permite que os usuários do iPhone bloqueiem o rastreamento de anunciantes. A empresa, porém, ainda enfrenta uma investigação sobre favorecimento de seus próprios produtos e serviços.
O novo recurso "App Tracking Transparency" da Apple permite que os usuários bloqueiem o rastreamento de anunciantes em diferentes aplicativos.
A empresa diz que defende os direitos de privacidade dos usuários, mas enfrenta críticas do Facebook, desenvolvedores de aplicativos e startups cujos modelos de negócios dependem deste rastreamento.
Os grupos franceses IAB France, MMAF, SRI e UDECAM reclamaram ao regulador francês no ano passado, dizendo que o recurso não afetaria a capacidade da Apple de enviar anúncios direcionados aos usuários do iPhone sem obter consentimento prévio.
A chefe do órgão regulador antitruste, Isabelle de Silva, disse que trabalhou em estreita colaboração com o regulador francês de privacidade de dados CNIL na decisão de rejeitar o pedido de suspensão do recurso.
Ela disse que a CNIL estimou que o popup criado pela Apple pode beneficiar os usuários em um ambiente de publicidade online cada vez mais complexo e foi apresentada de forma clara e imparcial.
Mas Silva disse que está avaliando se a Apple favorece seus próprios serviços e produtos, com uma decisão esperada para o começo do próximo ano, o mais tardar.
"As empresas são livres para definir suas próprias regras e essa flexibilidade também existe para participantes dominantes e plataformas", disse ela em entrevista coletiva.
"No entanto, elas devem estar vigilantes na forma como definem suas regras. Somos muito cuidadosos para que essas regras não sejam anticompetitivas e não imponham condições injustas."
A Apple comemorou decisão. Os reclamantes disseram que ficaram decepcionados com a decisão.
Dois terços do tempo que os franceses passaram online em 2020 foram em smartphones, de acordo com os pesquisadores da Mediametrie.