PEQUIM (Reuters) - Os militares da China vão endurecer as checagens de antecedentes ideológicos de seus soldados e controlar rigorosamente o uso que fazem da Internet e do telefone celular, em um esforço para combater a espionagem por parte de "forças hostis", informou a mídia estatal nesta quarta-feira.
A China e os Estados Unidos trocam com frequência acusações de invasão e espionagem na Internet, o que aumenta a tensão entre os dois países. Dirigentes do Partido Comunista em Pequim vêm intensificando o controle sobre a ideologia e as declarações, dizendo que as forças hostis do Ocidente representam uma ameaça para a cultura chinesa.
A diretriz, emitida pela poderosa Comissão Central Militar da China e divulgada pelo diário do Exército de Libertação Popular, proibe os militares de fazer postagens em blogues e usar programas online de bate-papo.
"Alguns países ocidentais intensificaram a conspiração contra o nosso país com 'revoluções coloridas', uma ‘Guerra Fria cultural online' ... tentando em vão romper o espírito de nossos oficiais militares e soldados ", assinala um comentário no jornal.
Na semana passada, o ministro da Educação da China disse que o país tem de eliminar os "valores ocidentais" a partir das salas de aula. No final de dezembro, o presidente Xi Jinping apelou a uma maior orientação ideológica em universidades e instou ao estudo do marxismo.
A educação política e ideológica deve ser implementada para aperfeiçoamento dos militares, diz a diretriz, segundo a qual as Forças Armadas também deverão adotar medidas mais rígidas para evitar o vazamento de segredos.
De acordo com as orientações, exames políticos mais duros dos militares impedirão a "sabotagem por forças hostis e a corrosão por ideias e cultura degenerados".
Os líderes intensificaram a repressão contra a corrupção no serviço militar no ano passado, um problema que oficiais superiores na ativa e reformados consideram que poderia estancar a capacidade do país de travar uma guerra.
Na semana passada, o Ministério da Defesa disse que os inspetores anticorrupção teriam como alvo a polícia, bem como as forças nucleares da China, a Marinha e a Força Aérea.
(Reportagem de Megha Rajagopalan)