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ENTREVISTA-Falta de gás faz brasileiro "caçar" botijão e gera recordes em aplicativo

Publicado 16.04.2020, 16:25
© Reuters. Trabalhador movimenta botijões de gás em distribuidora em São Paulo (SP)
PETR4
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Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Problemas na oferta de botijões de gás registrados em diversas cidades do Brasil desde meados de março, após o início de quarentenas contra o coronavírus, têm levado consumidores a saírem "à caça" do produto e gerado recordes de acesso em um aplicativo voltado a conectar revendedoras e clientes.

A situação chegou a ficar "crítica" em praças importantes como a capital paulista, onde a escassez levou ao registro até de casos de "sequestro" de caminhões abastecidos com botijões no mês passado, disse à Reuters nesta quinta-feira a diretora-geral do app Chama, Sheynna Hakim Rossignol.

O aplicativo, que atende mais de 100 cidades, começa a ver agora uma normalização do suprimento, com um aumento de importações de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) pela Petrobras (SA:PETR4), mas muitos revendedores ainda estão sem botijões ou limitam as vendas a canais físicos enquanto recompõem estoques.

"Estamos sentindo uma melhora desde ontem, nossa perspectiva é de que a situação deve se normalizar nesse lado da oferta. A demanda que ainda vai ter um pico, quase que uma 'ressaca' desse desabastecimento, mas imaginamos que em maio vai estar tudo normalizado", disse a executiva.

Segundo ela, os sinais de falta de botijões de gás começaram a surgir por volta de 22 de março, logo após o Estado de São Paulo passar a adotar medidas de isolamento mais severas para conter a propagação do vírus.

Apesar disso, o Ministério de Minas e Energia garantiu em diversas ocasiões desde o início de abril que não havia escassez, atribuindo os problemas a consumidores que estariam estocando o produto, em um movimento de pânico que de fato ocorreu.

"A Covid-19 ajudou a aumentar a demanda. Já a partir de 15 de março fomos vendo esse comportamento, com demanda excessiva para esse período do ano e com as pessoas comprando mais de um botijão no aplicativo, o que não é normal", disse Sheynna.

"Mas os posicionamentos na mídia, digamos, não ajudaram as pessoas a relaxarem. Porque começou a aparecer a Petrobras falando que não estava faltando, a (agência reguladora) ANP dizendo que não estava faltando, e a gente vendo as pessoas desesperadas, milhões de acessos no aplicativo e revendedores fechando."

A enorme demanda levou a um aumento de mais de dez vezes nos acessos ao aplicativo Chama, que chegou a cair devido ao excesso de tráfego. Lançado no final de 2016, o app registra 5 milhões de downloads desde então, dos quais 500 mil apenas na reta final de março.

"Foram números realmente impressionantes de acesso, as pessoas estavam desesperadas procurando gás em algum lugar", disse Sheynna, citando escassez principalmente em São Paulo, Curitiba e Brasília.

No ápice da crise de oferta, revendedores chegaram a relatar à equipe do app que tiveram caminhões cercados por pessoas revoltadas com a falta dos botijões em um momento em que muitas famílias estão trancadas em suas casas devido às quarentenas, utilizando muito mais gás.

"Teve um caso em que caminhão foi 'sequestrado'. A população cercou o motorista (que iria fazer entregas de gás) e exigiu que ele vendesse os botijões a elas ou seriam roubados. Também teve caminhão roubado... algumas revendedoras ainda estão com medo".

Mesmo agora, com o início da recuperação da oferta, o aplicativo ainda tem registrado acessos três vezes acima do normal, segundo a diretora.

"Chegamos a ter em um momento o mesmo cliente acessando o app 10 vezes no mesmo dia, dando 'atualiza' para ver se aparecia uma oferta. Foi um período de altíssima demanda, mas também foi muito difícil para a gente, porque queríamos atender e acabamos decepcionando muitos clientes", afirmou.

"Mas, se está sem gás, está sem gás. Nós da Chama não temos nenhum botijão, dependemos da infraestrutura dos revendedores."

O aplicativo reúne milhares de revendedores, com botijões de todas as marcas, e atende oito capitais, em um total de mais de 100 municípios pelo Brasil.

PREÇO SOBE

A disparada da procura por botijões de gás e as dificuldades das pessoas para encontrar o produto levaram a uma disparada dos preços que entrou no radar do governo, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e de órgãos de defesa do consumidor.

Em 6 de abril, em entrevista à Rádio Bandeirantes, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que a ANP chegou a registrar casos de botijões vendidos a mais de 200 reais, contra preços de até 70 reais na média de 2019, o que segundo ele resultou em multas aos revendedores.

Em meio a protestos, o Procon-SP fechou acordo com fornecedores do setor para limitar o preço de venda dos botijões a 70 reais, além de taxa de frete de até 9,90 reais.

© Reuters. Trabalhador movimenta botijões de gás em distribuidora em São Paulo (SP)

"Alguns revendedores tiveram que ir para o Rio de Janeiro e outras regiões para buscar gás, o que gerou uma questão de custo. Os preços subiram muito, mas os revendedores disseram que o custo também", disse Sheynna, do Chama.

Ela disse que as empresas também relataram gastos maiores com itens como máscaras, álcool gel e transporte, em meio a medidas para prevenção do coronavírus entre seus funcionários.

"Agora acho que a oferta vai estabilizar. Os revendedores querem aguardar uns dias para ter um conforto de que voltou ao normal... e a gente ainda espera um pico (de demanda) que talvez nem vá até o final de abril. Depois oferta e demanda se equilibram e os preços, inclusive, voltam".

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