Por Josh Horwitz
XANGAI (Reuters) - O bilionário e fundador do Alibaba Group, Jack Ma, defendeu a extenuante cultura de horas extras em muitas empresas de tecnologia da China, classificando-a de "grande bênção" para os jovens trabalhadores.
O magnata do e-commerce entrou em um debate sobre o equilíbrio entre trabalho, vida pessoal e as horas extras exigidas por algumas empresas, já que o setor desacelera após anos de crescimento vertiginoso.
Em um discurso para os funcionários do Alibaba, Ma defendeu o cronograma de trabalho '996' da indústria, que se refere a um dia de trabalho das 9h às 21h, seis dias por semana.
"Pessoalmente, acho que poder trabalhar 996 é uma grande bênção", disse ele em comentários postados na conta do WeChat da empresa.
"Muitas empresas e muitas pessoas não têm a oportunidade de trabalhar 996", disse Ma. "Se você não trabalha 996 quando você é jovem, quando você pode trabalhar 996?"
A questão alimentou um debate online e protestos em algumas plataformas de codificação, em que trabalhadores trocaram exemplos de demandas excessivas de horas extras em algumas empresas.
Ma, um ex-professor de inglês que foi co-fundador do Alibaba em 1999 e se tornou uma das pessoas mais ricas da China, disse que ele e os primeiros funcionários trabalhavam regularmente por longas horas.
"Neste mundo, todo mundo quer sucesso, quer uma boa vida, quer ser respeitado", disse Ma.
"Deixe-me perguntar a todos, se você não gastar mais tempo e energia do que os outros, como conseguir o sucesso que deseja?"
Este mês, ativistas do GitHub da Microsoft (NASDAQ:MSFT), o site de repositórios de código online, lançaram um projeto intitulado "996.ICU", em que os profissionais de tecnologia listaram o Alibaba entre as empresas classificadas como tendo algumas das piores condições de trabalho.
Na quinta-feira, um artigo de opinião publicado em um jornal estadual argumentou que o 996 viola a Lei do Trabalho da China, que estipula que a média de horas de trabalho não pode exceder 40 horas por semana.
"Criar uma cultura corporativa de horas extras incentivadas não apenas não ajudará a competitividade do núcleo de uma empresa, mas também poderá inibir e prejudicar a capacidade de inovação dela", escreveu o autor não identificado no Diário do Povo.