SÃO PAULO (Reuters) - O Google, da holding Alphabet, inaugurou nesta terça-feira uma central de processamento de dados em São Paulo, a primeira da empresa na América do Sul e uma das oito anunciadas pela companhia em 2016 como parte de um plano para impulsionar sua presença no segmento de computação em nuvem no país e no mundo.
Com uma combinação de redução de preços, disponibilidade de serviços e aumento na velocidade, o Google espera se firmar no Brasil em um segmento em que disputa globalmente com outras grandes empresas de tecnologia como Amazon e Microsoft.
"Estamos preparados para competir mais do que de igual para igual", disse à Reuters o diretor de Google Cloud Platform no Brasil, Fabio Andreotti.
A abertura do centro local - chamado de região de Cloud São Paulo - foi alinhada com a possibilidade de pagamento dos serviços em reais para clientes brasileiros, com impostos inclusos, na primeira estratégia do tipo feita pelo Google no mundo.
Para atrair os clientes, o Google afirma que a abertura do centro em São Paulo vai permitir redução da latência - ou o tempo que a informação leva para viajar entre o centro de dados e o usuário - que deve ficar 80 a 95 por cento mais rápida em relação aos EUA.
Em testes conduzidos pelo Google, a latência de acesso à região de cloud de São Paulo foi, em média, de 36 milissegundos, ante 170 ms para conexão com o centro da empresa no Estado norte-americano da Carolina do Sul, o mais próximo do Brasil.
"Com a chegada dessa infraestrutura hoje não há mais nenhuma diferença para que as grandes empresas não venham usar nossa infraestrutura", disse Andreotti, acrescentando que já está negociando a adoção do serviço com grandes bancos.
Entre os clientes brasileiros já anunciados pelo Google estão a startup Movile - gerenciadora das marcas iFood e Spoonrocket- e a Youse, plataforma digital da Caixa Seguradora.
Além dos clientes brasileiros, a região de cloud do Google está preparada para atender ao público do Chile e da Argentina, afirmou a companhia.
A empresa não revelou o tamanho ou a capacidade do centro de computação em nuvem brasileiro, mas afirmou que a "capacidade pode ser amplamente expandida", uma vez que se conecta às outras 11 centrais do tipo mantidas pelo Google ao redor do mundo, via rede de fibra ótica própria.
A previsão da companhia é que seu negócio de computação em nuvem no Brasil cresça "na casa dos três dígitos" em um ano, disse Andreotti sem ser específico.
O Google investiu no setor 30 bilhões de dólares nos últimos três anos. Quando anunciou no ano passado a criação da central de processamento de dados no Brasil, Andreotti estimou que o segmento de computação em nuvem deverá superar a receita obtida pela empresa com venda de publicidade em 2020.
(Por Natália Scalzaretto)