Davos (Suíça) 28 jan (EFE).- Líderes políticos e econômicos reunidos em Davos pedem aos países da zona do euro que solucionem seus problemas antes de comprometerem-se em dar mais dinheiro ao resgate de nações com dificuldades de financiamento.
Na reta final do Fórum Econômico Mundial que chega ao fim neste domingo ficou claro que a zona do euro é a grande preocupação das demais economias do mundo - como os Estados Unidos, o Japão e as emergentes -, que consideram que a Europa ainda não fez o suficiente para solucionar seus problemas.
O restante do mundo olha com preocupação para a zona do euro pelos efeitos que a crise do endividamento possa ter nas outras economias.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, chamou a atenção neste sábado que "nenhum país está imune na situação atual" e que o momento é de atuar.
Lagarde instou aos países-membros da entidade financeira multilateral a "demonstrar apoio" e contribuir para uma solução, incluindo ampliação da contribuição econômica à crise de dívida que aflige a zona do euro.
"Estou aqui, como minha pequena bolsa, para arrecadar algum dinheiro", disse Lagarde em sua participação no debate sobre as perspectivas econômicas globais para 2012.
Até agora os Estados Unidos e o Reino Unido se mostraram reticentes em ampliar os recursos do FMI, para os quais a zona do euro já forneceu mais de 150 bilhões de euros.
Neste sábado, o ministro de Economia britânico, George Osborne, declarou em Davos que a zona do euro "deve mostrar a cor de seu dinheiro" antes que o Reino Unido se comprometa depositando mais recursos.
Osborne demonstrou disposição do Reino Unido em contribuir mais para o resgate global para a zona do euro através do FMI, mas garantiu que não colocará à disposição o dinheiro dos contribuintes britânicos até que os países da moeda única façam mais para solucionar seus problemas.
Diante disso, ele insistiu com os dirigentes da zona do euro que ampliem o fundo de resgate permanente dos países com dificuldades de financiamento.
O FMI destacou que a zona do euro deve enfrentar o crescimento e a geração de emprego, além de consolidar sua situação fiscal e garantir a liquidez.
O ministro de Economia japonês, Motohisa Furukawa, afirmou a disposição do Japão - que já comprou 16% dos bônus do fundo de resgate temporário - de apoiar as ações europeias e advertiu sobre os efeitos negativos que a crise de endividamento soberano da zona do euro tem na Ásia.
Neste sábado, o presidente do Banco Mundial, Robert Zöllick, declarou em Davos que as medidas adotadas pelo Banco Central Europeu (BCE) servem para ganhar tempo, mas que "é preciso atuar".
Zöllick considerou que é importante que os Governos da zona do euro façam reformas estruturais.
No entanto, os EUA e o Japão têm déficits fiscais e endividamentos superiores aos da zona do euro por isso que terão de ajustá-los no médio prazo, ressaltou Lagarde.
O chefe executivo de Hong Kong, Donald Tsang, arrancou aplausos dos participantes do debate quando exigiu dos países europeus atuarem com determinação e sugeriu seguirem os passos da Ásia após a crise financeira asiática de 1998. Nesse episódio os bancos foram recuperados para evitar a falta de pagamento.
Osborne insistiu que a resolução da situação da Grécia é fundamental para a zona do euro. EFE