Por Diego Oré
CARACAS (Reuters) - O barulho de ferros retorcidos acordou recentemente vizinhos da área industrial de Guayabal, nos subúrbios de Caracas.
Assustados, alguns viram como a torre de telecomunicações de 40 metros de altura, que a estatal CANTV compartilhava com a Movistar, desmoronou morro abaixo após ladrões roubarem até as porcas que a mantinham de pé.
O roubo, que inclui cabos e cobre e um gerador a motor, foi o último dos seis que ocorreram nessa estação este ano e apenas um entre as centenas de furtos que empresas de telefonia e internet da Venezuela vêm sofrendo em sua infraestrutura, prejudicando um serviço que está cada vez pior.
"Agora tudo é comercializável e as pessoas fazem qualquer coisa para sobreviver", lamentou Víctor Martínez, gerente-geral de redes da Movistar Venezuela, filial da espanhola Telefônica (SA:VIVT4), em outra estação, de onde também roubaram baterias e compressores.
"Gostaríamos de investir esse dinheiro para modernizar as redes, não para blindar as estações como se fossem fortalezas de guerra", acrescentou Martínez, entre os escombros dos equipamentos, cuja reposição custará à empresa 4 bilhões de bolívares este ano (5,9 milhões de dólares pela taxa de câmbio oficial).
A onda de furtos agravou a qualidade do serviço de telefonia móvel e fixa na Venezuela, que se tornou lento após anos de desinvestimentos, por não ser possível ter acesso a divisas do governo para importar peças de reposição e novas tecnologias. Além disso, afeta a velocidade da Internet, que por si só já é a mais lenta da América Latina, segundo um estudo da Cepal.