Por Raphael Satter
WASHINGTON (Reuters) - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos e 11 Estados do país iniciaram na terça-feira um processo contra o Google (NASDAQ:GOOGL) por supostas violações à legislação de concorrência, marcando a disputa antitruste mais importante desde que Washington enfrentou a Microsoft (NASDAQ:MSFT) mais de duas décadas atrás.
Apesar da importância do caso, especialistas afirmaram que qualquer grande mudança na indústria de tecnologia provavelmente não ocorrerá como consequência do processo.
Especialistas antitruste veem o processo mais como um pequeno tremor do que como um terremoto. Mesmo que o Departamento de Justiça leve o caso a julgamento e consiga ganhar, o que não é garantido, qualquer mudança no papel desempenhado pelo Google na vida das pessoas provavelmente será gradual - e deve levar anos.
"Eles não deveriam ver isso como 'o começo do fim'", disse Eleanor Fox, professora de regulamentação na Universidade de Nova York. "Certamente não irá atingir o que algumas pessoas pensam que há de errado com o Google."
Críticos argumentam há anos que o Google e outras gigantes de tecnologia, como Amazon (NASDAQ:AMZN) e Facebook, têm muito poder e abusam continuamente de seu domínio de mercado.
Na Europa, reguladores entraram com três processos antitruste diferentes contra o Google na última década e impuseram mais de 8 bilhões de euros em multas em resposta a reclamações sobre o serviço de comparação de preços do Google, seu sistema operacional Android e a plataforma de anúncios AdSense.
Christian Bergqvist, professor de direito da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, disse que a ação antitruste dos EUA mostrou que o país está adotando tardiamente a abordagem europeia mais cética em relação às empresas de tecnologia. "Acho que estamos convergindo de maneiras positivas", disse Bergqvist.
Ainda assim, ele disse que o exemplo europeu traz alertas. Em um estudo publicado no mês passado, um acadêmico que assessora os concorrentes europeus do Google disse que o serviço de comparação de preços da empresa ainda está desrespeitando as regras da UE.
O Google nega a acusação. Mas está claro que anos de multas pesadas tiveram impacto limitado na dinâmica do mercado na Europa, onde o navegador Chrome tem uma fatia ainda maior do mercado do que nos Estados Unidos e o Android continua dominante.
Ryan Shores, funcionário do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, disse na terça-feira que "nada está fora de questão" quando questionado em uma teleconferência sobre quais ações específicas deveriam ser tomadas. Mas especialistas da área duvidam que o governo chegue ao ponto de pressionar por um desmembramento da empresa e Bergqvist duvida que a solução seja viável.