SEUL (Reuters) - A Samsung Electronics informou nesta terça-feira que prevê crescimento de lucro em 2017, apesar de desafios oriundos da incerteza política, depois que o desempenho recorde do segmento de chips ofuscou o fiasco do smarthphone Note 7 no quarto trimestre.
A gigante sul-coreana de tecnologia e a rival Apple estão envolvidas em um escândalo de tráfico de influência envolvendo a presidente Park Geun-hye e cinco executivos do grupo Samsung já intimados por promotores nas investigações em andamento.
"O ambiente incerto de negócios, incluindo as mudanças no cenário político na Coreia do Sul e no exterior, apresenta um desafio para execução das estratégias de médio a longo prazo, como decisões de fusão e aquisição, investimento e desenvolvimento de novos motores de crescimento", informou a empresa em comunicado.
Mesmo assim, a Samsung prevê um resultado melhor neste ano após um primeiro trimestre mais lento, no qual custos maiores de marketing devem reduzir o lucro líquido, num momento em que o grupo tenta reconstruir sua reputação depois do fiasco do Note 7.
Maior fabricante de smarthphones, chips de memória e televisores de tela plana do mundo, o grupo sul-coreano conta com a expansão do mercado de chips para gerar crescimento e recuperar o segmento de dispositivos móveis. A empresa vê "demanda estável" por chips de memória em 2017, após o recorde histórico obtido entre outubro e dezembro do ano passado.
O lucro operacional do quarto trimestre saltou 50 por cento na comparação anual, para 9,22 trilhões de wons (7,93 bilhões de dólares), nível mais elevado em mais de três anos e superior à estimativa da empresa de 9,2 trilhões de wons.
Só na divisão de chips de memória, a Samsung lucrou 4,95 trilhões de wons, 77 por cento mais ante o quarto trimestre de 2015. A receita ficou estável em 53,3 trilhões de wons.
Na área de smartphones, o lucro operacional subiu 12 por cento, para 2,5 trilhões de wons, com modelos como o Galaxy S preenchendo o espaço deixado pela descontinuação do Note 7 após os casos de incêndio em outubro.
Analistas consideram que a perspectiva para 2017 esbarra em incertezas relacionadas ao desempenho de novos smartphones sofisticados, à sucessão no controle da empresa e ao escândalo envolvendo a companhia.
Alguns veem a reestruturação do conglomerado por Jay Y. Lee, 48, como um esforço de preparação para suceder seu pai, Lee Kun-hee, hospitalizado em 2014.
Mas o herdeiro foi classificado como suspeito por parte das autoridades que investigam se o conglomerado pagou subornos a uma pessoa próxima de Park em troca de suporte para uma fusão em 2015. "Se a cabeça do grupo for indiciada provavelmente haverá um vácuo de liderança, o que apresenta um risco", disse o gestor de fundos C.J. Heo, da Alpha Asset Management.
RECOMPRA
A Samsung informou ainda que planejava recomprar 9,3 trilhões de wons em ações neste ano, em resposta às demandas por maior retorno aos acionistas. Em novembro, a empresa disse que devolveria 50 por cento do fluxo livre de caixa de 2016 e 2017 aos investidores.
(Por Hyunjoo Jin e Se Young Lee)