Por Natália e Scalzaretto
SÃO PAULO (Reuters) - Vivo e TIM, as duas maiores operadoras de telefonia móvel do país em número de linhas, anunciaram nesta semana o implementação da tecnologia "VoLTE", a qual permite que celulares utilizem a rede 4G para realizar chamadas mais estáveis e com melhor definição, em uma tentativa de impulsionar a utilização de serviços de voz.
A TIM anunciou nesta segunda-feira o início das operações com a tecnologia em Brasília e expansão para Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza, Natal, Maceió e Uberlândia até o fim do mês.
Já a Vivo prepara para terça-feira o lançamento dos serviços em Rio Verde (GO), primeira cidade do país a ter a faixa de 700 MHz liberada pela Anatel.
Trata-se de um sistema que realiza chamadas através do espectro da rede 4G, em vez da 3G, como é atualmente, melhorando a qualidade. A frequência de 4G na faixa de 700 MHz, essencial para o desenvolvimento do VoLTE, também permite melhor cobertura de sinal dentro de edifícios e áreas cobertas.
A aposta na qualidade de serviços de voz acontece em um momento no qual o segmento passou a representar menos de 50 por cento da receita líquida das quatro maiores operadoras do país, de acordo com análise da consultoria de Teleco sobre os resultados operacionais do primeiro trimestre deste ano.
A TIM disponibilizará inicialmente o VoLTE apenas para clientes pós-pagos, sem custos adicionais, apostando no diferencial da qualidade para atrair usuários perdidos para aplicativos de mensagens como o WhatsApp, explicou o diretor de tecnologia da empresa, Leonardo Capdeville.
"Quando a gente compara com a chamada de Wi-Fi, é muito difícil controlar a qualidade. A cobertura do VoLTE é muito mais contínua. E além de ter qualidade diferenciada você não consome o pacote de dados", disse Capdeville à Reuters.
Já o vice-presidente de serviços aos consumidores da Vivo, Marcio Fabbris, disse em entrevista que a empresa também acredita que uma experiência melhor, pelo mesmo custo e sem desconto do pacote de dados, levará os clientes a optar por mais chamadas de voz.
"A gente vai dar uma ótima qualidade sem descontar franquia de dados, ao contrário desses aplicativos, cujo uso é debitado do pacote de dados quando o cliente utiliza", disse Fabbris.
A Vivo planeja expandir a oferta gradualmente a todo o território nacional e conta com atualizações de softwares fornecidas pelos fabricantes para ampliar a base de usuários da tecnologia, disse Fabbris.
A empresa controlada pela Telefônica Brasil (SA:VIVT4) pretende ampliar a oferta internacionalmente em parceria com a Movistar, operadora argentina que também pertence ao grupo. As empresas darão início aos testes para ligações internacionais de clientes brasileiros que estejam na Argentina e vice-versa, em paralelo à expansão nacional.
Já a TIM opera a rede 4G em frequência de 700 MHz em 60 cidades e pretende agregar mais localidades conforme a expansão da própria rede. Além disso, segundo Capdeville, "40 por cento dos aparelhos 4G da base da TIM já suportam VoLTE"; o percentual chega a 100 quando se fala em novos celulares do portfólio de vendas da empresa.
"O VoLTE começa a ser uma funcionalidade básica desses terminais", acrescentou Capdeville.
OTIMIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS
Além da melhoria na qualidade dos serviços e atrativo adicional aos clientes, Fabbris afirmou que a renovação da tecnologia também otimizará os investimentos da Vivo.
"Se a gente chega a uma nova cidade hoje que precisa de investimento, a gente faz investimento em 3G e 4G. No futuro, vai ser só em 4G. Então esse é um motivador de eficiência do uso da rede", disse Fabbris.
De acordo com Capdeville, a implantação do VoLTE está prevista dentro do plano de expansão trienal da TIM, que projeta investimentos de 12 bilhões de reais no período, mas também uma maneira de otimizar os recursos da companhia.
"Estamos usando melhor o investimento que fizemos no 4G. É quase um desperdício ter um ponto 4G e não usá-lo para voz. Além disso, estamos associando o VoLTE ao lançamento da rede de 700 MHz, em que a gente consegue ter uma cobertura muito melhor que na 2G, 3G e 4G de outras frequências."