BERLIM (Reuters) - Um acordo da União Europeia com o Reino Unido a respeito das relações após a saída britânica do bloco, conhecida como Brexit, pode servir de modelo para laços com outros países que querem ser tão próximos quanto possível do bloco, mas ainda não estão prontos para se filiar, como a Ucrânia e a Turquia, disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha.
O Reino Unido recebeu o sinal verde de Bruxelas para iniciar conversas sobre seu relacionamento futuro com a UE no início deste mês, e Londres diz aspirar a um relacionamento mais próximo como ex-membro do que qualquer terceiro país.
Em uma entrevista ao jornal Funke a ser publicada na terça-feira, o chanceler alemão, Sigmar Gabriel, disse que tal acordo pode oferecer uma solução para o bloco de 27 países-membros conseguir administrar seus laços com os dois grandes Estados ainda não filiados.
"Não consigo imaginar a Turquia ou a Ucrânia se tornando membros da UE nos próximos anos", disse. "Se obtivermos um acordo inteligente com o Reino Unido, regulamentando as relações com a Europa após o Brexit, isso poderia ser um modelo para outros países – Ucrânia e também Turquia".
A Turquia, que é candidata ao bloco há décadas, já tem uma união alfandegária com a UE que permite a comercialização da maioria dos bens sem tarifas.
Uma possibilidade seria oferecer a Ancara "uma forma nova, mais próxima de uma união alfandegária", afirmou Gabriel, embora também tenha dito que tal projeto teria que esperar mudanças no cenário político turco.
Milhares de pessoas, incluindo cidadãos alemães, foram detidas na Turquia em meio a uma operação de repressão do governo em andamento desde um golpe de Estado fracassado de 2016.
Um acordo entre a UE e Kiev a respeito de "uma área de livre comércio profunda e abrangente" entrou em vigor formalmente em setembro com a meta de permitir o livre comércio de bens, serviços e capital e viagens sem necessidade de vistos para estadias curtas.
O anseio ucraniano de relações mais estreitas com a UE foi um dos catalisadores de uma revolta popular que depôs um presidente pró-Rússia em 2014, o que levou Moscou a anexar a península da Crimeia e a apoiar separatistas pró-Rússia em um conflito ainda não resolvido no leste do país.
O Partido Social-Democrata de Gabriel está se preparando para conversas com os conservadores da chanceler alemã, Angela Merkel, para decidir se as partes governarão juntas nos próximos quatro anos.
(Por Thomas Escritt)