Por Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - Um projeto de lei bipartidário de 118 bilhões de dólares do Senado dos Estados Unidos para reforçar a segurança nas fronteira e fornecer ajuda aos aliados Ucrânia e Israel parecia a caminho do fracasso nesta quarta-feira, depois que parlamentares republicanos, incentivados por Donald Trump, opuseram-se ao acordo.
A medida foi formulada após meses de negociação liderada pelos senadores Chris Murphy, um democrata, James Lankford, um republicano, e a independente Kyrsten Sinema. Se aprovada, a lei representaria a maior mudança na política de imigração dos EUA em décadas.
As negociações se intensificaram no ano passado depois que o presidente Joe Biden pediu ao Congresso 60 bilhões de dólares em ajuda para a Ucrânia, que luta contra uma invasão russa, e 14 bilhões de dólares para Israel em sua guerra contra o Hamas.
Os republicanos do Congresso disseram que concordariam com esses gastos somente se fossem acompanhados de um plano para lidar com o grande número de migrantes que chegam à fronteira norte-americana.
À medida que os negociadores se aproximavam de um acordo, Donald Trump, o principal candidato à indicação presidencial republicana para desafiar Biden, voltou-se contra o projeto e o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano Mike Johnson, criticou o acordo como inadequado.
"Quando o presidente Trump apareceu e disse que não queria resolver o problema da fronteira, que o queria como uma questão de campanha, o presidente da Câmara Johnson obedientemente mudou de tom", disse o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, a repórteres na terça-feira.
Johnson negou que sua oposição ao projeto de lei seja política e, em vez disso, chamou de inadequada uma medida que determinaria que o Departamento de Segurança Interna fechasse temporariamente a fronteira para a maioria dos migrantes se mais de 5.000 pessoas tentassem entrar por dia.
O principal republicano do Senado, Mitch McConnell, que há muito tempo defendia o acordo como um meio de garantir ajuda à Ucrânia, disse na terça-feira que o projeto não tinha chance de ser aprovado diante da crescente oposição de seu partido.
"Para mim, e para a maioria dos nossos membros, parece que não temos nenhuma chance real de fazer uma lei", disse McConnell, depois que Johnson já havia proclamado que a legislação estava "morta na chegada".
Na terça-feira, a Câmara tentou e não conseguiu destituir a principal autoridade de Biden na fronteira, o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, por acusações contra as quais quatro deputados republicanos votaram contra. A medida fracassou em uma votação de 214 a 216.
Apesar da oposição, Schumer prometeu na terça-feira: "Teremos uma votação amanhã" em uma questão processual para tentar levar o projeto de lei à apreciação do Senado.