Por Krisztina Than
BUDAPESTE (Reuters) - Uma jovem afegã, abrigada há meses em um campo de refugiados na fronteira da Hungria, consegue ver apenas lampejos distantes das árvores a partir da sua casa improvisada num contêiner. Então ela pinta as árvores, os pássaros e as flores para ajudar a passar o tempo de seus longos dias.
Mursal Faqirzada, de 32 anos, deixou o Afeganistão há quatro anos. Ela começou a pintar na Sérvia dois anos atrás, antes de buscar asilo na Hungria.
Agora, alguns de seus trabalhos são expostos pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no festival musical “Love Revolution”, que dura uma semana em Budapeste e atrai centenas de milhares de visitantes.
Faqirzada chegou à fronteira sul da Hungria com a Sérvia junto com seus pais no início deste ano, e fez diversos pedidos de asilo que foram rejeitados pelas autoridades. Um tribunal húngaro lhe concedeu um recurso e agora seu caso voltou a tramitar na agência de imigração do país.
Ela não pode sair do acampamento na zona de trânsito a menos que volte para Sérvia e desista de seu pedido de asilo. Ela falou com a Reuters por videoconferência de seu telefone.
“Gosto muito de pintar a floresta e coisas assim, porque na minha jornada estivemos em muitas florestas... tenho muitas memórias ruins disso, mas amo pintar florestas”, disse ela.
“Como você sabe, pintar não é uma coisa de que muitos gostam (no Afeganistão), eles dizem ser pecado e tal, então não fazem. A primeira vez que eu pintei na vida foi na Sérvia”, acrescentou.
Pintar lhe dá uma sensação de paz no acampamento, disse ela.
No mês passado, o relator especial da Organização das Nações Unidas para os direitos humanos dos migrantes disse haver 280 pessoas em duas instalações “similares a prisões” na fronteira sul da Hungria, 60% das quais crianças. OLBRENT Reuters Brazil Online Report Entertainment News 20190809T213720+0000 20190809T213720+0000