BERLIM (Reuters) - A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados palestinos (UNRWA) está próxima de um possível ponto de ruptura em suas operações na Faixa de Gaza devido às condições cada vez mais complicadas, disse o diretor da entidade nesta quarta-feira.
"Não vou esconder o fato de que podemos chegar a um ponto em que não seremos mais capazes de operar", disse o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, a jornalistas em uma entrevista coletiva em Berlim.
"Estamos muito próximos de um possível ponto de ruptura. Quando será? Não sei. Mas estamos muito próximos disso", disse.
Ele afirmou que a agência está enfrentando uma combinação de ameaças financeiras e políticas à sua existência, além de dificuldades nas operações diárias, com auxílio sendo ainda mais desesperadamente necessário contra a ameaça de doenças e fome.
Ele disse que há um risco real de que, com a chegada do inverno e o enfraquecimento do sistema imunológico das pessoas, a fome ou a desnutrição aguda se tornem uma probabilidade.
A UNRWA oferece educação, saúde e auxílio a milhões de palestinos em Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, no Líbano e na Síria.
Faz tempo que a agência mantém relações tensas com Israel, mas os laços se deterioraram muito desde o início da guerra em Gaza.
Israel lançou a ofensiva contra o Hamas após o grupo militante palestino liderar os ataques a Israel em 7 de outubro de 2023, nos quais 1.200 pessoas foram mortas e cerca de 250 foram feitas reféns em Gaza, segundo os cálculos israelenses. Mais de 42.000 palestinos foram mortos na ofensiva, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza.
Em janeiro, os líderes israelenses acusaram a equipe da UNRWA de colaborar com os militantes do Hamas em Gaza, levando alguns doadores a suspender financiamento, embora muitas dessas decisões tenham sido revertidas desde então. A ONU iniciou uma investigação sobre as acusações de Israel e demitiu nove funcionários.
(Reportagem de Miranda Murray)