Por Jonathan Allen
(Reuters) - O Estado norte-americano do Alabama ofereceu assistência a outros entes da Federação para executar a pena de morte por meio de asfixia por gás nitrogênio nesta sexta-feira, algumas horas após o método ter sido usado pela primeira vez para matar Kenneth Smith, um prisioneiro condenado por homicídio em 1988.
O Estado também prometeu mais execuções do tipo: o procurador-geral Steve Marshall afirmou que outros 43 presos na fila do corredor da morte escolheram a asfixia em vez da injeção letal desde a aprovação do método pelos parlamentares em 2018.
O Alabama chamou o novo método de "humano", enquanto grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que ele é cruel e torturante.
"O Alabama já fez, e agora vocês também podem, e estamos prontos para ajudar a implementar este método em seus Estados”, afirmou Marshall, um republicano, nesta sexta-feira.
Parlamentares de Oklahoma e Mississippi também autorizaram a asfixia por nitrogênio como método de execução nos seus Estados, mas autoridades ainda não o utilizaram.
Marshall disse que a asfixia por nitrogênio, primeiro novo método a ser usado desde o início das injeções letais, em 1982, "não é mais um método não testado".
"Está comprovado", afirmou.
Houve relatos divergentes de quão violento foi o método, vindos de autoridades do Estado e testemunhas da execução de Smith, que, de forma incomum, sobreviveu a uma tentativa inicial em 2022, quando os executores não conseguiram encontrar um acesso intravenoso para inserir a injeção letal.
O Alabama estimou em documentos judiciais que, com o novo método, Smith ficaria inconsciente em cerca de 30 segundos e morreria pouco depois. Os executores amarraram em seu rosto uma máscara respiratória de segurança industrial feita por uma fabricante canadense chamada Allegro Industries, e a conectaram a um cilindro de nitrogênio puro.
Cinco jornalistas autorizados a testemunhar a execução por meio de uma janela de vidro afirmaram que ele permaneceu consciente por vários minutos após o início do fluxo de nitrogênio, e passou então a tremer e se contorcer na maca por cerca de dois minutos.
O reverendo Jeff Hood, que permaneceu ao lado de Smith como conselheiro espiritual após assinar um termo reconhecendo os riscos de asfixia por nitrogênio, afirmou que ele jogou repetidamente a cabeça para a frente enquanto lutava pela vida.
Já autoridades do Alabama afirmaram que tudo ocorreu conforme o esperado. Segundo elas, Smith aparentemente segurou a respiração enquanto pôde e sugeriram que as contorções podem ter sido "movimentos involuntários".
"O que ocorreu na noite passada foi como um livro didático", afirmou Marshall.
Smith foi condenado pelo assassinato de Elizabeth Sennett, após ter aceitado receber 1.000 dólares para matá-la ao lado de cúmplices a mando de seu marido, um pastor que cometeu suicídio depois.
(Reportagem de Jonathan Allen em Nova York)