Por Luke Baker
JERUSALÉM (Reuters) - O grupo militante Estado Islâmico publicou nesta terça-feira um vídeo na Internet em que parece mostrar dois prisioneiros japoneses e ameaça matá-los, a menos que um resgate de 200 milhões de dólares seja pago.
Um indivíduo em pé em uma área deserta, vestido de negro e segurando uma faca, ao lado de dois homens ajoelhados e vestidos em roupas laranjas, disse que o povo japonês tinha 72 horas para pressionar seu governo a interromper seu "tolo" apoio à coalizão liderada pelos Estados Unidos que conduz uma campanha militar contra o Estado Islâmico.
"Ao primeiro-ministro do Japão: embora você esteja a mais de 8.500 km de distância do Estado Islâmico, você de bom grado se voluntariou para tomar parte nessa cruzada", disse o militante em inglês.
Ele exigiu "200 milhões", sem especificar a moeda, mas uma legenda em árabe identificava a divisa como dólares.
O vídeo identificava os homens como Haruna Yukawa e Kenji Goto.
A filmagem não possuía data, mas em uma visita ao Cairo no último sábado, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, prometeu cerca de 200 milhões de dólares em assistência não militar para os países que combatem o Estado Islâmico.
Abe, falando em Jerusalém nesta terça ao fim de uma turnê de seis dias pelo Oriente Médio, disse que a ameaça do Estado Islâmico contra os dois supostos prisioneiros era "inaceitável".
"Exigimos veementemente a imediata libertação dos cidadãos japoneses desarmados", disse Abe. "A comunidade internacional precisa responder firmemente e cooperar sem ceder ao terrorismo."
O vídeo tinha o mesmo aspecto de outros divulgados por veículos do Estado Islâmico, em que prisioneiros são ameaçados ou mortos.
REUNIÃO MINISTERIAL EM TÓQUIO
Abe destacou que a ajuda do Japão anunciada por ele tem propósitos humanitários, e disse que Tóquio continuaria a contribuir para a paz e prosperidade na região.
"Vamos nos coordenar com a comunidade internacional de agora em diante, e contribuir mais para (a) paz e prosperidade da região. Essa política está inabalável e não vamos mudar essa política", afirmou o premiê.
Questionado se o Japão pagaria o resgate para garantir a libertação dos dois prisioneiros, Abe respondeu: "Em relação a este caso, damos a máxima prioridade a salvar vidas e a colher informações com a ajuda de outros países."
Em Tóquio, o chanceler japonês disse estar verificando o vídeo para saber se a gravação era genuína. Ministros japoneses também anunciaram uma reunião de gabinete para discutir a resposta do governo ao vídeo.
Goto é um repórter freelance. Ele escreveu livros sobre Aids e crianças em zonas de guerra do Afeganistão à África, e trabalhou para redes de notícias no Japão.
Goto se encontrou com Yukawa no ano passado e o ajudou a viajar para o Iraque em junho, disse ele à Reuters em agosto.
Yukawa, de 43 anos, viajou para Iraque e Síria no ano passado após ter dito a amigos e familiares acreditar que a viagem era sua última chance de dar um novo rumo a sua vida.
Ao longo da última década, ele viu seu negócio falir, perdeu sua esposa para o câncer e ficou sem ter onde morar, de acordo com seu pai e informações publicadas em um jornal online. Não ficou claro o quê exaramente ele fazia na região.
O militante que aparece no vídeo falando com sotaque britânico parecia ter a mesma voz que o jihadista visto junto a prisioneiros em outros vídeos do Estado Islâmico.
(Reportagem de Tetsushi Kajimoto, Texto de Linda Sieg)