Por William Schomberg
LONDRES (Reuters) - Os vencedores da eleição britânica em 4 de julho terão que lidar com uma economia que parece presa em um ciclo de crescimento lento e com altos níveis de dívida limitando a capacidade do governo de estimular uma recuperação significativa.
Após o golpe da crise financeira global entre 2007 e 2009, a sexta maior economia do mundo foi afetada pela decisão de deixar a União Europeia em 2016, a pandemia de Covid-19 e os aumentos do preço da energia e dos alimentos em 2022.
O desempenho econômico do Reino Unido desde a crise de coronavírus foi o mais fraco entre as economias do G7, com exceção da Alemanha, que também foi fortemente atingida pelo salto dos preços de energia após a invasão da Rússia à Ucrânia.
E a incapacidade do país de manter o ritmo de seus pares em termos de crescimento de produtividade contribuiu para um distanciamento de padrão de vida em comparação com outros países europeus.
Pessoas com renda média no Reino Unido são 20% mais pobres que seus equivalentes na Alemanha e 9% na França, segundo pesquisa da Fundação Resolution, do Centro para Performance Econômica e da Fundação Nuffield.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, sofrendo para reverter uma imensa desvantagem nas pesquisas de opinião, tentou animar os eleitores ao dizer que a economia está virando uma página após uma curta e superficial recessão no segundo semestre do ano passado.
Em um discurso para anunciar a eleição, Sunak mencionou uma queda na inflação para quase 2%, segundo dados publicados nesta quarta-feira -- de um pico superior a 11% em 2022 -- como prova de que os seus planos estão funcionando.
“Estabilidade econômica sempre foi apenas o começo”, disse. “A questão agora é como e em quem vocês confiam para transformar essa fundação em um futuro seguro para vocês, sua família e para o nosso país”.
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu no primeiro trimestre de 2024 e a queda da inflação abriu a possibilidade de que o Banco da Inglaterra corte taxas de juros pela primeira vez desde 2020.
Mas parece provável que a recuperação seja interrompida. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou nesta semana crescimento de 0,7% em 2024 e 1,5% em 2025, bem abaixo da média de 2,75% de antes da crise financeira global.
O Partido Trabalhista, principal legenda de oposição e liderando as pesquisas, culpa os conservadores, de Sunak, pelo que deve ser a primeira queda em padrão de vida entre uma eleição nacional e outra desde pelo menos os anos 1950.
O líder trabalhista, Keir Starmer, afirma que transformará o Reino Unido na economia de crescimento mais rápido do G7 atraindo investimento privado que, segundo ele, foi retido por causa da turbulência política desde a votação do Brexit sob o comando dos conservadores.
Em 2022, o investimento empresarial britânico ficou abaixo do seu patamar em 2016, em contraste com as outras economias do G7 que tiveram um aumento médio de 14% durante aquele período.