Por Yara Bayoumy
CAIRO (Reuters) - Jornais egípcios estão publicando o que antes seria impensável quando o então chefe do Exército Abdel Fattah al-Sisi removeu a Irmandade Muçulmana do poder, em 2013: sugestões de que ele é passível de falhas.
É um sinal de que um homem que goza de apoio incondicional pode estar começando a perder popularidade como presidente eleito. Sisi impulsionou seu status regional ao ajudar a Arábia Saudita na guerra contra os rebeldes houthis, aliados do Irã, no Iêmen, e liderou uma iniciativa para criar uma força conjunta árabe para combater o Estado Islâmico.
No Egito, onde protestos de rua removeram dois presidentes desde os levantes da chamada Primavera Árabe de 2011, ele ainda é popular. Mas sinais de descontentamento estão emergindo. Os egípcios esperam a entrega de muitas promessas, que vão desde um sistema escolar melhor até melhorias na saúde do país mais populoso do mundo árabe, onde muitos vivem na pobreza.
O jornal Al-Watan, pró-governo, expôs os obstáculos no caminho do plano de reforma de Sisi, e salientou que a elite política e militar ainda dominam o Egito, um estratégico aliado dos Estados Unidos. O jornal identificou fatores que prejudicam Sisi, incluindo corrupção e nepotismo. E criticou o que chamou de violações cometidas por forças policiais.
Sisi depôs o presidente islamista Mohamed Mursi, o primeiro presidente eleito livremente no Egito, após grandes protestos contra sua Irmandade Muçulmana em 2013. A partir de então, foi uma grande repressão.
Forças de segurança mataram centenas de apoiadores da Irmandade, prenderam milhares de outros e então foram atrás de ativistas liberais. O Egito diz que a Irmandade é um grupo terrorista que representa uma ameaça para sua segurança nacional. O Ministro do Interior nega alegações de abusos aos direitos humanos no país.
Um jornal econômico, Al Bursa, veiculou uma história com a seguinte manchete: "Por que o governo está se movendo na velocidade de uma tartaruga?" e disse que o primeiro-ministro tinha que fazer mais para produzir resultados.
Outro jornal, o al-Masriyoon, publicou um artigo de opinião com o título: "Egito precisa de eleições presidenciais antecipadas". O autor, Gamal Sultan, escreveu que o mandato de Sisi havia colocado "o Egito mais distante da estabilidade e deixou a nação inteira à beira do perigo."