DAVOS (Reuters) - O presidente da Argentina, Mauricio Macri, tem uma mensagem franca para governos protecionistas e inclinados ao populismo: aprendam conosco.
“Eu os convidei a visitar a Argentina e ver o que acontece quando um país incrível adota protecionismo e isolamento como estilo de vida”, disse Macri em entrevista à Reuters nesta quinta-feira.
“Não funcionou. Nós somente aprofundamos nossos problemas de pobreza”.
A crescente ameaça de guerras comerciais globais é um importante tema de conversas no Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos. Políticos e economistas estão tensos com a agenda protecionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Trump irá discursar ao fórum na sexta-feira.
Quando foi eleito em 2015, Macri assumiu um país que estava a caminho da ruína financeira após uma década de políticas populistas de altos gastos públicos.
Após o default do país em 2001, a Argentina foi afastada de mercados globais de crédito por anos.
A ex-presidente Cristina Kirchner implementou controles cambiais, levantou barreiras de importação para proteger a indústria interna e imprimiu dinheiro para cobrir um crescente déficit fiscal durante seus dois mandatos, de 2007 a 2015.
As medidas impulsionaram certos setores da economia e financiaram uma expansão de programas sociais aos mais pobres, mas geraram uma queda nas reservas do banco central e um dos índices de inflação mais altos do mundo.
Macri desfez controles cambiais, cortou impostos em exportações de grãos, reduziu restrições de importações e reformou os sistemas de impostos e de Previdência.
As medidas contribuíram para uma acentuada queda nos rendimentos sobre a dívida da Argentina e numa alta expressiva dos mercados de ações. Mas Macri tem enfrentado dificuldades para diminuir uma inflação de dois dígitos e convencer companhias de que o país é seguro para investimentos a longo prazo.
Macri disse que seu governo busca alcançar uma inflação de dígito único até o final de 2019. Ele disse que a Argentina possui interesse em acordos comerciais multilaterais e bilaterais, conforme busca restaurar confiança no futuro do país.
“Nós estivemos tão isolados que nós só temos espaço para melhorar e para criar relacionamentos melhores e de longo prazo”, disse. “Nós queremos ser parte das soluções globais, e não dos problemas globais”.
(Reportagem de Alessandra Galloni)