Por Alicia Powell
NOVA YORK (Reuters) - Depois de 28 anos de tentativas, o cineasta Martin Scorcese finalmente leva um projeto de paixão sobre fé e religião à telona com “Silence”.
Baseado no aclamado romance com o mesmo nome de 1966 do escritor japonês já morto Shusaku Endo, o drama conta a história de dois jesuítas missionários portugueses, interpretados por Adam Driver e Andrew Garfield, que viajam para o Japão no século 17 em busca do mentor desaparecido, interpretado por Liam Neeson.
Lá, numa era em que cristãos eram perseguidos e torturados, os missionários enfrentam uma escolha: eles podem salvar a si mesmos e a convertidos japoneses da morte por crucificação, no fogo e por afogamento, mas somente se renunciarem a sua religião.
"Eu acho que é um filme bonito, é incrivelmente instigante. É um desses filmes dos quais você não se esquece quando deixa o cinema”, declarou Neeson à Reuters.
"Não importa se você é religioso ou não, é muito, muito questionador”, acrescentou.
Scorcese, um católico convicto, quer fazer o filme desde que leu o livro pela primeira vez em 1988 depois do lançamento de “A Última Tentação de Cristo”.
O diretor ítalo-americano, vencedor do Oscar, tem dito que foi tocado pelas questões que o livro levanta sobre fé, dúvida, fraqueza e o papel de Deus diante do sofrimento humano. Contudo, somente chegar ao roteiro certo levou 15 anos, e conseguir financiamento se mostrou difícil.
O drama, filmado em Taiwan e com a longa duração de duas horas e 45 minutos, vai estrear nos cinemas norte-americanos em 23 de dezembro.
Driver e Garfield perderam cerca de nove quilos para interpretar os seus papéis, o que Driver disse que o ajudou a encontrar a sintonia para o seu jovem padre cansado e amedrontado.
"Você está interpretando um padre jesuíta no século 17. Então, é bom, eu acho, passar por um pouco de dificuldade. Você também está muito cansado e faminto, como os personagens”, disse Driver.
"Silence" foi ignorado tanto pelo Globo de Ouro quanto pela premiação do Sindicato dos Atores nos Estados Unidos. Ele vai ter de esperar até 24 de janeiro para descobrir sobre as nomeações para o Oscar.
(Reportagem da TV Reuters)