Por Noelle Harff
(Reuters) - Um tribunal argentino começou nesta quarta-feira o julgamento oral de três pessoas acusadas de tentarem assassinar a ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner em setembro de 2022, quando ela foi atacada com uma pistola carregada que acabou não conseguindo disparar.
O ataque contra a política mais famosa do país nas últimas duas décadas chocou a nação e atraiu condenações de líderes em todo o mundo, incluindo do papa Francisco, um argentino, e da Casa Branca.
O julgamento está centrado em Fernando Sabag Montiel, um cidadão brasileiro que mora na Argentina e apontou a arma para a cabeça de Kirchner, no meio de uma multidão no lado de fora da casa dela em Buenos Aires. Na época, Kirchner era vice-presidente.
Brenda Uliarte, ex-namorada de Montiel, também será julgada. A dupla pode ser condenada a até 15 anos de prisão por tentativa premeditada de homicídio. Outro homem, Nicolas Carrizo, também foi associado à tentativa de assassinato e responde a acusações.
Presidente da Argentina entre 2007 e 2015, Kirchner é uma figura que divide opiniões no país, onde comanda multidões como se fosse uma estrela do rock, mas também tem muitos críticos da sua marca de populismo de esquerda. Ela faz parte da esquerda mais militante do poderoso movimento peronista.
Em dezembro de 2022, Kirchner recebeu uma sentença de seis anos de prisão em um badalado caso de corrupção e foi desqualificada para ocupar cargos públicos. Ela recorre da decisão, e o caso deve passar anos tramitando nos tribunais superiores.
Advogados de defesa argumentaram que a pistola não era capaz de disparar, enquanto Kirchner criticou a investigação e os tribunais, alegando que houve um acobertamento de uma conspiração mais ampla, inclusive de seus adversários políticos.
(Reportagem de Noelle Harff)